Acordei no dia 8 de Setembro a pensar no poema de Sophia Andresen, escrito a propósito de outra madrugada, mais importante, é certo, mas igualmente emotiva. Durante três meses, desempenhei as funções que nunca acreditei serem necessárias no Sporting Clube de Portugal.

Fi-lo, à semelhança do que sei que sucedeu com a maior parte dos elementos que integraram as Comissões nomeadas por Jaime Marta Soares, o melhor que pude e soube, visando salvaguardar a única coisa que interessava, ou seja, os interesses do Sporting Clube de Portugal. Não obstante os insultos iniciais de perfis falsos, pagos, como se veio a saber, na sua esmagadora maioria, pelo próprio clube.

Neste percurso, que não se fez sem incidentes, tive a enorme sorte de ser acompanhada de pessoas que me acarinharam e que sinto agora como meus amigos. A esses, que sabem quem são…, e aos que já tinha, o meu gigantesco obrigada. Aos que mantiveram o clube e o fizeram renascer, fica aqui também a vénia.

O meu clube viveu um tempo de trevas, quase se assemelhando a uma nave de loucos, num espectáculo grotesco a que fomos assistindo, entre o pânico e a tristeza. Durante estes três meses, vi muitas vezes serem usados todos os meios para fins mais do que duvidosos, com um sentimento de quase impotência, perante o mal que vi fazer. Contudo, a lição que se tira, quer de dia 23 de Junho, data da assembleia onde se votou a destituição de Bruno de Carvalho e demais Conselho Directivo, quer de dia 8 de Setembro, correspondendo às eleições, é a de que este Clube tem uma capacidade de regeneração incrível.

Contrariamente ao que sucedeu na primeira, desta feita o ambiente que se viveu foi limpo e transparente. A ideia original, isto é, a de devolver o Clube aos seus sócios, não apenas foi concretizada como o foi numas eleições tranquilas, serenas e felizes. Independentemente da lista que cada um apoiava, foi bom ter assistido a sócios a conversarem uns com os outros, sem outro interesse que não contribuir para um acto democrático que se impunha.

Tive, portanto, a sorte de sair num dos momentos mais bonitos. A vantagem deste adeus é que, cumprida a missão e devolvida a palavra aos sócios, volto ao sítio de onde nunca deveria ter saído, a bancada, desta feita ainda com mais amigos.

Quem ama um clube, seja ele qual for, não coloca os seus interesses pessoais à frente daquele. Que a nova direcção nunca se esqueça disso, ou seja, que o que fica é a instituição e os seus funcionários e o demais é transitório, é o primeiro passo para tudo correr bem. Frederico Varandas disse-o e só isso já me fez ficar pacificada. O olhar é, agora, posto no futuro, sem se esquecer um passado que nunca mais se pode repetir. Sporting? Sempre e para sempre.

A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.