Até à semana pretérita a maior parte das instituições de crédito a operar em Portugal apresentou os seus resultados trimestrais. Conquanto com variações importantes entre os diversos intervenientes, os resultados são, globalmente, positivos, o que naturalmente saudamos. Queremos bancos e empresas fortes, bem geridas, condição primeira e essencial para promover o crescimento do emprego e a qualidade do mesmo.

Resultados globalmente positivos, importa frisar, apesar de custos de contexto portugueses, tornados muito desfavoráveis por escolhas e decisões políticas, que tendem a penalizar o sector financeiro e a sua capacidade de gerar retornos. Custos de contexto que têm, naturalmente, implicações sobre a capacidade de atracção do sector, tanto do ponto de vista de acionistas como de trabalhadores (atuais e potenciais).

Estes resultados positivos, malgrado o contexto institucional e legislativo, são uma reconfirmação do que temos vindo a dizer. O sector tem capacidade para fazer actualizações das cláusulas de expressão pecuniária nos contratos colectivos de trabalho. Actualizações essas com impacto nas tabelas dos activos, reformados, pensionistas, mas também no financiamento dos SAMS.

Realce para o facto de, nalguns bancos, terem sido as operações internacionais, ou em descontinuação, que penalizaram os resultados consolidados de uma actividade doméstica muito positiva no primeiro trimestre. Uma reconfirmação de que os piores receios sobre o impacto da pandemia sobre a qualidade da carteira de crédito poderão ter sido infundados.

Por tudo isto, vai sendo tempo de a banca a operar em Portugal incorporar mais e melhores modelos de governação, tendo atenção não apenas aos accionistas mas a todos os interessados na saúde financeira dos bancos: trabalhadores, Estado, clientes, para além dos clássicos accionistas.

A digitalização, sempre esse papão tão apregoado, não pode servir de pretexto para recompensar unicamente os shareholders em detrimento de todos os stakeholders.

Para terminar, duas notas. A primeira para saudar a vitória do Sporting Clube de Portugal. É o futebol português que ganha com isso porque fica mais competitivo e mais forte. A segunda para agradecer a presença de todos os trabalhadores do Banco Santander Totta que participaram nas acções de protesto em Lisboa, Porto e Coimbra.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.