Milhões de euros e milhares de pessoas. A Web Summit regressou esta semana a Lisboa e com ela cerca de 70 mil visitantes vindos propositadamente para este evento. Em boa hora o anterior governo, através de Paulo Portas e Leonardo Mathias e com o envolvimento de António Costa, então presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), iniciaram conversações e concretizaram a vinda da Web Summit para Portugal. Perceberam todos, e bem, que o interesse nacional e municipal se sobrepunha a qualquer minudência partidária.

Agora, e também bem, António Costa e Fernando Medina esforçaram-se para manter este evento mundial na nossa capital, conseguindo um acordo que poderá vir a vigorar até 2028. No âmbito desse acordo, que eu não conheço, ficou estabelecido que a FIL deverá expandir-se até à Praça Sony, num alargamento desejado pela organização liderada por Paddy Cosgrave. Era bom que os vereadores da CML tivessem acesso ao acordo que Fernando Medina firmou e que este não fosse escondido do que deveria ser o normal escrutínio municipal.

Para além de “la movida” que se faz sentir na semana do Web Summit, com vários milhares de pessoas que conhecem, em muitos casos pela primeira vez, uma cidade europeia cosmopolita e os seus recantos e sabores, estima-se que Portugal beneficie em 300 milhões de euros com as receitas geradas pelo evento no período do contrato. Um valor que – a confirmarem-se os cálculos do Governo, e sobre os quais tenho muitas dúvidas – compensará bem os 110 milhões de euros de investimento público na organização, ao longo dos dez anos.

Mais importante, no entanto, pelo efeito gerador de riqueza a longo prazo, é o potencial transformador para a nossa economia, atraindo capital e investimento para a nossa economia digital e para o universo das nossas startups. Ao longo dos anos, o impacto estrutural desta captação de investimento externo para Portugal, incluindo empresas capazes de trazer centros de desenvolvimento e competências, será extremamente positivo. E, desejavelmente, estimulará também as instituições de ensino e contribuirá para a definição de uma política científica e tecnológica assente na inovação e na criação de produtos e serviços tecnologicamente de ponta, “made in Portugal”.

Já li e ouvi várias vozes críticas que questionam o investimento feito no evento. Mas é necessário que, em nome do bem comum, nos deixemos de vistas curtas e saibamos antecipar os benefícios que irão ser recolhidos pelas novas gerações e o potencial transformador da Web Summit para a nossa economia. Até lá, e parafraseando os Rolling Stones com uma ligeira adaptação, “Start We Up”.

 

 

A nova ministra da Cultura entrou em funções e logo dividiu o país – incluindo o seu próprio partido – ao afirmar que pretende excluir a tauromaquia dos espetáculos classificados como culturais e cuja taxa do IVA deverá ser reduzida de 13% para 6%. A reação crítica de Manuel Alegre e o claro desagrado do PCP são dois exemplos do impacto negativo sentido também à esquerda. “A tauromaquia não é uma questão de gosto, é uma questão de civilização”, afirmou a ministra. Para mim, ser civilizado é também saber respeitar as tradições, as diferenças de “gosto” e os costumes ancestrais.