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Exclusible encaixa 2,2 milhões para lançar plataforma de NFT para marcas de luxo

Startup fundada em Lisboa quer fazer o que a Farfetch fez no mercado do luxo mas, desta vez, para o ecossistema de ‘tokens’ não-fungíveis. A financiar estiveram Indico Capital Partners, Tioga Capital, White Star Capital, Shilling e vários ‘business angels’, entre os quais os pilotos António Félix da Costa e Mitch Evans.
31 Agosto 2021, 08h00

“Houve uma altura em que as pessoas pensavam que os bens de luxo não podiam ser vendidos online. Para a maioria, parecia uma tarefa quase impossível até à chegada do comércio eletrónico nos anos 2000. A narrativa mudou para sempre e a internet tornou-se o sítio dos bens de luxo através de plataformas como Net-a-Porter, Farfetch, Rent-The-Runway… Isso possível porque algumas pessoas com visão foram inflexíveis e acharam que o luxo podia ser vendido online. Da mesma forma que a Exclusible tem a visão de que os NFT de luxo têm um futuro brilhante”.

É assim que a recém-criada Exclusible, uma startup fundada em Lisboa e com ligações a Nova Iorque e Paris, se apresenta e lança no mercado dos NTF (non-fungible tokens – ou tokens não fungíveis). A tecnológica com ADN português anunciou esta terça-feira que fechou uma ronda de financiamento inicial (seed) de 2,2 milhões de euros para pôr online a sua plataforma de ativos digitais para a indústria do luxo.

A Exclusible pretende ser o primeiro marketplace de NFT exclusivamente dedicado a marcas de luxo – ou seja, um espaço online onde estas empresas podem publicar e vender produtos e serviços (através dos tais tokens que representam um bem único) e ter a mais-valia de encontrar novas formas de se relacionarem com clientes (que, por norma, são os mais fiéis). Mas como? À maneira da francesa Sorare, que criou cartões virtuais que representam jogadores de futebol, ou mesmo da Nike que permite ao cliente comprar uma versão digital dos seus ténis.

“Temos a convicção de que irá acontecer uma migração progressiva da nossa vida social e digital para metaversos (universos virtuais), e que as marcas tradicionais vão querer estar presentes neste espaço. Isto será decisivo para a indústria de luxo, dada a importância do valor das suas marcas e a necessidade de estarem presentes onde estão os consumidores”, disse o co-fundador e CEO, Thibault Launay, que reside em Cascais e é colecionador de NFT.

Com este financiamento, co-liderado pela Indico Capital Partners, Tioga Capital e White Star Capital, a Exclusible pode dar esse salto e tirar proveito das potencialidades da tecnologia blockchain com uma plataforma de transações que deverá estar a funcionar no quarto trimestre. A apoiar com capital estiveram ainda a sociedade de capital de risco Shilling e vários business angels, entre os quais os pilotos António Félix da Costa e Mitch Evans (APEX Capital), ambos da Fórmula E.

Stephan Morais, presidente da Indico Capital Partners, considera que “as marcas de luxo contêm ativos digitais de grande valor onde a exclusividade da propriedade é altamente valorizada pelos consumidores dessas marcas”, pelo que a “Exclusible junta de forma natural esses ativos com fãs e colecionadores”.

Já Nicolas Priem, sócio da Tioga Capital, destaca que no mercado do luxo a escassez é “fundamental” para a oferta, o que impulsiona o negócio da Exclusible. “Todas as economias são construídas em torno da escassez. Atualmente, com os NFT, praticamente qualquer ficheiro digital pode ser um recurso escasso que repentinamente abre a possibilidade de economias nativas verdadeiramente digitais”, defende o investidor.

Sem divulgar nomes, a Exclusible adianta que tem cartas de intenção assinadas com designers de referência e está em negociações com diversas marcas de luxo em todo o mundo.

Os NFT – que podem ser utilizados para certificar a autenticidade de fotografias, vídeos, sons ou outros ficheiros digitais – tiveram vendas superiores a 2,5 mil milhões de dólares (cerca de 2,1 milhões de euros) no primeiro semestre, de acordo com os dados do portal NonFungible.com. Até ao momento, a obra digital de Beeple, que foi vendida em março, na Christie’s, por um recorde de 69,3 milhões de dólares (na ordem dos 59 milhões de euros), mantém-se no trono dos NTF.

“Depois de adquirido, um NFT pode ser exibido na galeria digital do utilizador (incluindo em plataformas de realidade virtual ou aumentada), partilhado nas redes sociais ou vendido no mercado secundário. O objetivo da Exclusible passa por atrair quer entusiastas de NFT quer consumidores de luxo tradicionais, para que possam transacionar em criptomoeda ou outros meios de pagamento tradicionais, como cartões de crédito”, explica a empresa.

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