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Startup portuguesa Enging recebeu um milhão de euros da EDP

A empresa de Oliveira do Hospital, que desenvolve soluções de manutenção preditiva, pretende desenvolver a área comercial e expandir-se sobretudo na Europa.
20 Março 2019, 08h45

A portuguesa Enging, que opera no ramo da manutenção preditiva, foi uma das empresas a conquistar uma importante ‘fatia do bolo’ que a EDP Ventures tem para investir em startups. A empresa de Oliveira do Hospital recebeu 1 milhão de euros, 10% do montante que o braço de capital de risco da energética disponibilizou para este fim em 2019.

Trata-se da startup nacional a receber o maior financiamento dos últimos investimentos realizados pela EDP, neste caso, através do fundo criado em parceria com a Instituição Financeira de Desenvolvimento, o “EDP CleanTech FCR”. A Enging não passou despercebida ao radar da elétrica porque trabalha essencialmente com utilities (águas e elétricas, como a EDP Distribuição) e fornece soluções que permitem identificar avarias em transformadores e motores de centrais nucleares, elétricas, cimenteiras, petroquímicas ou papeleiras.

Luís Manuel, administrador da EDP Inovação, explicou ao Jornal Económico que a tecnologia utilizada pela Enging é “simples e fácil de instalar” e faz com que as elétricas consigam “receber insights” e fazer a “estimação da vida dos transformadores”. Ainda assim, o ‘namoro’ EDP-Enging não é recente, tendo em conta que trabalham em conjunto há cerca de cinco anos, aquando do primeiro projeto piloto. “Os projetos são de uma lógica comercial”, frisa.

Presente no mercado português, espanhol, italiano, britânico e brasileiro, esta tecnológica nasceu em 2013 no BLC3 – Campus de Tecnologia e Inovação, foi incubada no Instituto Pedro Nunes e é uma participada da investidora portuguesa em venture capital Busy Angels. “Atua na área dos transformadores e distribuidores elétricos. A tecnologia, uma solução para operadores de distribuição, permite aumentar a visibilidade, prever quando é que vai terminar a vida útil da máquina”, afirma o administrador da EDP Inovação.

Recorrendo à Internet das Coisas (IoT, na sigla inglesa) para a indústria e a um algoritmo próprio, promete evitar quebras na produtividade e poupanças de “milhares de euros”, uma vez que, caso as centrais tenham ferramentas capazes de detetar irregularidades iminentes, não são obrigadas a fazer paragens forçadas nos equipamentos. De acordo com a consultora Navigant Research, o mercado da manutenção preditiva deverá atingir os 5,3 mil milhões de euros até 2021, segundo a previsão da consultora Navigant Research.

“Imagine que o músculo do coração tem um mecanismo, do qual o médico consegue receber informações, que permite detetar se o sangue não está a passar corretamente ou se os batimentos cardíacos não parecem adequados. Se houver algum problema o profissional de saúde ou o hospital são automaticamente avisados e podem agir rapidamente. É o que acontece com a nossa tecnologia”, resumiu ao semanário o CEO da Enging.

Quando questionado sobre os planos de internacionalização, Marco Ferreira não se desvirtuou do caminho já traçado: mantém-se o interesse em entrar na Alemanha, na Áustria e na Suíça (região DACH), bem como pôr um pé na Ásia através da chegada à Índia. “A Índia tem um mercado tecnológico muito interessante”, assegurou. A empresa confia no potencial do mercado indiano quer pela sua dimensão quer pelas oportunidades nas centrais nucleares locais. O presidente executivo e cofundador da Enging adiantou ainda que, com este novo balão de oxigénio, pretende contratar, pelo menos, dois colaboradores para desenvolver a área comercial. A nova aposta da EDP registou vendas de cerca de um milhão de euros em 2018. Porém, Luís Manuel sabe que “é comum estas empresas terem algum conservadorismo em revelar os números oficiais”. “Preferem resguardar-se”, diz.

Há cerca de duas semanas, a EDP Ventures anunciou que tinha acabado de fechar seis investimentos no total de 3,5 milhões de euros em startups que se possam de certa forma associar às suas áreas de negócio. A empresa liderada por António Mexia escolheu a realidade aumentada, a manutenção preditiva, a inteligência artificial e o desenho de parques solares. Portugal arrecadou metade deste valor, com as nacionais Enging e Glartek na lista das escolhidas (a par com a norte-americana PVComplete, as israelitas Presenso e Sepio e a brasileira Delfos).

O porta-voz da EDP considera que estas jovens empresas devem estar atentas aos diferentes mecanismos de financiamento existentes no mercado e adequar, assim, o seu modelo de crescimento, para poderem escalar. “Não acreditamos que o futuro de uma empresa passe por rondas e rondas”, referiu Luís Manuel.

Na última Web Summit, o grupo revelou que a sua presença na cimeira vinha com um brinde monetário para empreendedores que lhe acrescentassem valor: 45 milhões de euros disponíveis para investir em ideias inovadoras. Os empreendedores interessados em receber investimento tiveram 1 minuto para apresentarem as ideias no seu «elevador de discursos» [Elevator Pitch]. No ano passado, a EDP Ventures deu ‘gás’ a 16 startups de oito países, com um apoio na ordem dos seis milhões de euros.

 

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