“A que horas tem disponibilidade?”. Engana-se quem pensa que a calistenia é fácil, ao contrário da facilidade com que se faz o convite para um treino. Trabalhar com o peso do corpo, apesar de o usarmos todos os dias, é pesado e o corpo dá de si nos dias seguintes. Ainda assim, aceitámos a desafio e experimentámos uma das aulas mais procuradas nestes ginásios.
Mas antes fomos conhecer o espaço e falar com os responsáveis que estão a implementar a calistenia em espaços físicos.
Dois amigos começaram a atividade profissional de calistenia em eventos e, depois de uma pandemia, já contam com dois espaços físicos na capital portuguesa. O início de ‘aulas’ improvisadas em espaços públicos, nomeadamente o Parque Urbano do Jamor, durante a pandemia levou à atração de público, que se foi juntando a esse mesmo improviso.
Hoje, a estes amigos juntaram-se outros e são a equipa por detrás do SthenosFit. “Quando se bate uma pandemia nós ficamos sem os eventos e ficamos sem grande parte da nossa fonte de rendimentos. O Samuel, que é um dos nossos sócios, descobre que vai ser pai, logo precisa de uma fonte de rendimento”, conta-nos Luís Duarte Gens, um dos cofundadores.
“No final de abril já tínhamos um projeto pronto a lançar. No verão tínhamos packs criados e, em vez das pessoas pagarem aulas avulso, já pagavam uma mensalidade onde podiam ir às aulas que tínhamos disponíveis”.
Foi com o fecho de uma box de crossfit em Carnaxide, com 300m2, que o grupo viu a oportunidade nascer. “Na primeira e segunda semana não havia luz. Dávamos os treinos à luz solar, com a porta da garagem aberta. Foi muito grão a grão”, assume.
Mas, nesta altura, Luís ainda não fazia parte da equipa. “Entro na equação enquanto atleta. Entro para a box de Carnaxide em outubro de 2020 e começo a ajudá-los na comunicação. Passado alguns meses entro como sócio e depois fomos obrigados a fechar por causa da pandemia”.
“Nesta altura, quando fechámos, tínhamos uma estrutura considerável, talvez 100 pessoas a ter aulas connosco. Ao contrário dos outros ginásios que perderam clientes, nós conseguimos manter e dávamos aulas online”.
Volvidos dois anos da abertura do primeiro SthenosFit, em Carnaxide, o grupo sentiu que não podia ficar por ali, mas isso envolvia procura por um espaço e dinheiro.
“Chegámos a um ponto onde, dois anos a correr bem, queríamos avançar com algo”, conta Luís ao Jornal Económico no novo espaço em Benfica. “A pandemia esteve muito presente naquilo que foi o nosso crescimento e o Zoom mostrou-nos que não podemos ter medo de nos adaptarmos de condições adversas”.
A maior dificuldade, dizem Luís e Margarida (que começou como instrutora e hoje é também sócia), é ainda desmistificar o que é a calistenia e que ginásio não convencional é este. A verdade é que, quando se entra no espaço, vê-se um enorme espaço aberto com tapete de borracha a perder de vista.
Apesar da calistenia ser um desporto praticado com recurso ao peso do corpo, ou seja, não existem máquinas pesadas, não quer dizer que a abertura dos espaços não seja dispendiosa.
Os dois sócios assumem que a abertura de cada espaço, sem contar com imprevistos, tem um custo médio de 100 mil euros. “A maioria do dinheiro aqui investido é nosso. É um investimento pessoal”.
Atualmente, são cinco sócios, contando com Margarida, que apenas chegou à fundação do espaço em Benfica. Assim, a ideia a partir de agora, diz Luís, é contarem com a também instrutora para a abertura de mais espaços.
Enquanto que Carnaxide foi uma jogada por oportunidade, Benfica é tratado pelos sócios como um “teste piloto”. “Olhamos para Carnaxide como uma geolocalização, é um espaço de passagem entre Cascais e Lisboa”, diz.
Benfica já é diferente, e é nesse sentido que o grupo quer apostar no futuro. “Grande parte dos nossos atletas vivem num raio de dois a três quilómetros daqui. A ideia é potenciar isso e, se resultar como está a resultar, é aproveitar”.
Mas os números falam por si próprios. “Ao fim de mês e meio, atingimos metade dos números que temos na box de Carnaxide. Temos 320 sócios atualmente em Carnaxide e 160 em Benfica, no espaço de mês e meio”.
Uma das maiores surpresas foi na altura das pré-inscrições para Benfica. “Numa semana tínhamos 100 pré-inscrições. Tínhamos pessoas a dizer-nos que não nos conheciam mas que queriam vir treinar connosco. Foi algo de outro mundo”.
Luís e Margarida são claros: “contra factos não há argumentos”.
Sobre aberturas futuras, ainda com a box de Benfica a cheirar a remodelação, dada a abertura a 14 de agosto, o grupo já quer expandir asas e chegar a outros bairros em Lisboa.
“A nossa ideia é abrir duas boxes até ao final de 2024. Queremos, a cada seis meses, estar a abrir um espaço novo”, assumem, confiantes do desafio que se estão a impor. “Não vamos ficar por aqui, de todo. O projeto tem corrido muito bem a nível de posicionamento. Somos a primeira grande box indoor de calistenia em Portugal, mas neste caso já temos duas”.
Com os objetivos bem traçados, os fundadores querem ter a próxima box pronta ainda antes do verão.
Ainda sem espaço definido, a terceira e quarta box serão ainda dentro da Área Metropolitana de Lisboa, para se conseguirem desdobrar ente localizações. “Se calhar, numa quinta box já passamos a ponte ou vamos para a linha”.
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