As mulheres continuam a estar sub-representadas nas áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM, no acrónimo em inglês), tanto em Portugal, como na Europa e globalmente, o que é particularmente visível nas áreas das tecnologias de informação e comunicação (TIC), tanto na formação como no mercado de trabalho. A análise deste quadro e dos possíveis caminhos que podem ser seguidos para uma resposta serão temas de debate na conferência Tecnologia no Feminino, promovida pelo Jornal Económico (JE) e pela Huawei.
Os dados preliminares dos Censos 2021 mostram que 52,45% dos habitantes de Portugal são mulheres, mas se olharmos para o sector das TIC, tanto na formação como no mercado de trabalho, essa proporção não se encontra, de todo, refletida: só 18,6% dos licenciados são mulheres (dados de 2018), que constituem apenas 15,7% dos especialistas no mercado (dados de 2019), segundo o Gender Equality Index 2020, produzido pelo Instituto Europeu para a Igualdade de Género (IEIG).
Nesses dois indicadores, com informação recolhida antes da eclosão da pandemia de Covid-19, Portugal regista valores abaixo da média europeia, que já por si são baixos quando comparados com um objetivo de paridade. Acrescenta-se, ainda, que as cientistas e engenheiras em sectores de alta tecnologia constituem 20,2% do total.
O Gender Equality Index 2020, que nesta edição se focou no movimento de digitalização, reflete dados sobre o uso e desenvolvimento de competências e tecnologias digitais e a transformação digital do mundo do trabalho, registando, no quadro das competências digitais, menores percentagens de mulheres (relativamente aos homens) no uso da internet, assim como na exploração de conhecimentos específicos de informação, comunicação, resolução de problemas e de utilização de software.
Menor apetência pelas TIC começa na formação
Numa altura em que o sector das TIC é apontado como fundamental para o desenvolvimento económico e social, no âmbito de um processo generalizado de digitalização das economias, que foi reforçado pelas contingências da pandemia de Covid-19, o Gender Equality Index 2020 refere que as mulheres também investem menos que os homens na formação em competências digitais, contabilizando-se que 16% das inquiridas frequentaram, pelo menos, uma ação de formação para melhorar competências digitais, face a 22% dos homens que o fizeram.
O relatório PISA – programa da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico que mede competências dos jovens dos Estados-membros da organização na leitura, matemática e ciência – também mostra a permanência do estereótipo (de que as ciências são áreas masculinas), registando uma menor apetência das raparigas por carreiras nestes sectores. “No conjunto dos alunos portugueses com melhores desempenhos, um em cada dois rapazes pensa vir a desenvolver uma profissão na área das ciências e das engenharias, enquanto uma em cada sete raparigas pensa vir a fazê-lo”, refere o relatório. Apenas 1% das raparigas portuguesas terá admitido ter interesse nas áreas de tecnologias de informação.
Este é o pano de fundo geral da conferência Tecnologia no Feminino, promovida pelo JE e pela Huawei, que será transmitida a 9 de setembro e que contará com a participação de Rosa Monteiro, secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade; de Vanda de Jesus, diretora executiva da Portugal Digital; de Inês Lucas, diretora de IT da REN – Redes Energéticas Nacionais; e de Beatriz Durão, junior energy service engineer da Huawei Portugal.
Nesta conferência, que terá cerca de hora e meia de duração, vamos analisar a situação do mercado das TIC em Portugal, quando é confrontado com uma crescente procura por competências, vamos discutir que ações podem ser desencadeadas para combater o estereotipo e a sub-representação feminina neste sector e para incentivar a opção das mulheres pelo desenvolvimento de percursos ligados às TIC, e perceber que papel podem ter as políticas públicas, neste quadro. Iremos também perceber de que forma o processo de transição digital e os investimentos previstos em programas como o Plano de Recuperação e Resiliência constituem uma oportunidade para uma maior igualdade de género nas TIC e como podem ser aproveitadas.
A conferência será transmitida através da plataforma multimédia JE TV, a partir das 15h00 de dia 9 de setembro, e permanecerá disponível em www.jornaleconomico.pt.
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