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Subida previsível dos juros eleva expetativa sobre planos da Fed

Os mercados estão convictos que Janet Yellen vai anunciar uma subida das taxas dos ‘federal funds’. Com essa certeza, o foco transita para o calendário de novos aumentos ao longo do ano e a estratégia para o fim dos estímulos à economia.
  • Reuters
14 Junho 2017, 07h15

Após ter deixado os mercados na expetativa durante quase o ano inteiro de 2016, a Reserva Federal (Fed) norte-americana parece ter ultrapassado a relutância e estará prestes a anunciar esta quarta-feira um novo aumento das taxas de juro – o segundo do ano e terceiro em seis meses.

Janet Yellen, presidente da Fed, deverá anunciar a subida no final da reunião de dois dias do Federal Open Market Committee (FOMC), uma expetativa que é consensual entre os analistas. O foco estará por isso nos próximos passos do banco central dos EUA.

As taxas dos federal funds deverão aumentar 25 pontos base para um intervalo entre 1 e 1,25%, a mesma escala de aumento anunciada em março. O chefe global de dívida da Allianz Global Investors, Franck Dixmier considera que a subida será justificada por crescimento económico mais forte e melhores dados do emprego.

“Apesar da fragilidade observada na taxa de inflação-base nos últimos dois meses, acreditamos que as condições económicas permitem a continuação do atual ciclo de contração monetária”, explicou Dixmier num comentário a antecipar a reunião, referindo-se à aceleração do índice de preços no consumidor que ficou em 1,5% em abril, ou seja, abaixo da meta de 2% da Fed.

A subida dos preços foi a mais baixa nesse mês desde dezembro de 2015, altura em que a Fed abandonou a política de taxas de juro próximas de zero. No entanto, o analista da Allianz GI considera que a falta de robustez na inflação é compensada pelo crescimento económico no país.

“Depois de um decepcionante primeiro trimestre, o crescimento económico dos EUA recuperou, guiado por um ciclo de recuperação sincronizado nas economias desenvolvidas, onde as condições monetárias se mantêm acomodatícias”, afirmou. Além disso, a taxa de desemprego em maio de 4,3% foi a mais baixa em 17 anos, as perspetivas de contratação nas empresas mantêm-se otimistas e o efeito sem precedentes dos salários de novos contratados na indústria deverá continuar.

Balão de ensaio?

Os 43 economistas consultados pela Bloomberg acreditam que haverá ainda outra subida dos juros em 2017 e a maioria espera que aconteça já em setembro. A mesma poll revela que a expetativa é que a Fed comece a reduzir a folha de balanço antes do final do ano. A chefe de estratégia global para ativos de rendimento fixo da BlackRock, Marilyn Watson, ressalva que dada a previsibilidade da subida das taxas, estará “à procura de alterações na comunicação sobre a folha de balanços e política de reinvestimento”.

A Fed concluiu o programa de compra de ativos em outubro de 2014, mas continuou a reinvestir os juros, continuando assim a oferecer estímulos à economia norte-americana, embora a um nível mais baixo. No entanto, as minutas da última reunião de política monetária da Fed, no início de maio, mostraram que os membros do FOMC estão a discutir o fim desta estratégia, aumentando a expetativa que os planos sejam revelados já esta quarta-feira.

Os membros do FOMC já avisaram que querem que o processo seja feito de forma previsível e gradual para não causar choques nos mercados. O plano será não reinvistir em ativos de dívida à medida que estes atingem as maturidades, reduzindo assim a folha de balanços do banco central. Dixmier diz que a Allianz GI estima que “o primeiro passo da Fed passe por limitar os reinvestimentos, a iniciar no quarto trimestre do ano”.

“O anúncio dessa medida com tantos meses de antecedência face à sua real implementação pode servir como um valioso balão de ensaio, permitindo à Fed testar, em tempo real, a forma como os mercados reagem a este passo adicional rumo à normalização da política monetária”.

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