Hoje muito se fala em sustentabilidade e ESG. São temas que já se ensinam em algumas Escolas do Ensino Superior, mas ainda estamos longe de uma democratização do tema onde todos têm acesso a este conhecimento.
Há quem afirme que a aprendizagem dos temas da sustentabilidade apenas está a ocorrer por parte daqueles que têm capacidade para pagar pós-graduações, cursos de executivos ou mestrados, o que significa uma elite. Se, em simultâneo, pensarmos que muitos dos empregos do futuro serão “verdes”, então ainda não estamos a capacitar todos os jovens de hoje para os trabalhos do futuro. Apenas quem tem mais posses financeiras. E isso não faz sentido nem é justo.
É por isso bom ver que várias Universidades em Portugal já estão a implementar práticas de sustentabilidade e também cursos sobre estas matérias. Sendo eu da área da economia e gestão, é com gosto que vejo finalmente universidades de economia e gestão a disponibilizarem cadeiras optativas sobre sustentabilidade, a incluírem gradualmente o tema de forma transversal nas cadeiras, a terem uma estratégia de sustentabilidade.
Na realidade existem 11 Escolas do Ensino Superior que aderiram aos Princípios de Educação Responsável das Nações Unidas, assumindo assim compromissos em promover o tema na forma como lecionam e como praticam a sua gestão. Algumas dessas escolas são o ISCTE, a NOVA, a Católica, a Universidade do Minho e o ISEG, entre outras, o que demonstra uma preocupação saudável e crescente em se ensinar a sustentabilidade.
Tendo eu finalizado a licenciatura de economia no ISEG em 1997, e tendo-me afastado da instituição por mais de 20 anos, é bom voltar a trabalhar numa Escola que tem um Master in Management criado com a ambição de responder aos desafios que os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) colocam à gestão das organizações; que acolhe os seus novos alunos falando da sua estratégia de sustentabilidade para 2030; que tem um grupo de docentes, funcionários e alunos a dinamizar a implementação dos ODS e que vai lançar o Sustainable Finance Knowledge Center no final de setembro.
Tudo isto resulta de um conjunto de ambições que o ISEG explicita no documento com a sua estratégia de sustentabilidade para 2030, onde se lê que existe a ambição de “Melhorar a gestão empresarial desconstruindo os modelos disciplinares correntes, reconstruindo processos de integração que criam valor social e financeiro em prol de negócios, produtos e serviços sustentáveis…”, reconhecendo que “… os estudantes serão veículos criadores de modelos de negócios ou de organizações sustentáveis”.
Ter uma Escola de Economia, Gestão e Matemática a assumir esta necessidade em “melhorar a gestão empresarial” e em “melhorar o modelo económico, de forma a que este sirva a sociedade permitindo equidade e justiça”, de forma a “contribuir para a sustentabilidade ambiental evoluindo em várias áreas científicas tais como, a economia ambiental e ecológica, a economia circular, a economia regional e local de carácter colaborativo que responda a problemas ambientais globais”, é um sinal significativo da vontade do ISEG em apostar num ensino com mais coração, mais humanismo, mais realista e capaz de formar os jovens para os empregos do futuro.
A oferta de trabalho, a nível internacional, para a área de sustentabilidade, ESG e sustainable finance tem crescido exponencialmente. Em Portugal também existe um aumento da procura de profissionais com estas competências, sendo estes difíceis de encontrar. A regulação vai continuar a crescer e por isso as empresas vão, cada vez mais, precisar de pessoas com conhecimentos sobre sustentabilidade. Há assim a necessidade de democratizar o ensino da sustentabilidade, tornando-o acessível a todos. Quantas mais Escolas tiverem esta abordagem melhor para todos, principalmente para a empregabilidade dos alunos.