A pandemia ainda não acabou e todos sabemos que o próximo inverno será crucial nessa previsão, mas já se vê uma luz bem forte e o túnel a chegar ao fim. É tempo de aprender lições para o futuro e começar a colocá-las em prática.

Uma das que aprendemos foi, sem dúvida, a necessidade urgente em sermos mais sustentáveis em todas as escolhas que fazemos na nossa vida. Nunca, como nestes quase dois anos de pandemia, se venderam tantas bicicletas, se levou tanta marmita para o trabalho e se privilegiou tanto um passeio no parque a um evento social, mas tudo isso foram escolhas impostas, adaptações que fomos obrigados a fazer na nossa vida, cujas rotinas se alteraram drasticamente.

A questão que agora devemos colocar é se vamos continuar a querer ter esses hábitos, ou alguns deles pelo menos, ou se a nossa vontade de colocar a pandemia atrás das costas nos vai fazer esquecer esta necessidade premente do planeta.

Basta vermos o que aconteceu com o uso das máscaras. Se rapidamente nos adaptámos ao uso das máscaras de tecido, mais sustentáveis, também de forma igualmente rápida as deixámos de ver na rua para passar a massificar o uso das máscaras descartáveis, que muitas vezes acabam no chão ou no caixote do lixo errado. As marcas prontamente responderam a esse pedido, mas a moda passou depressa e o que foi um boom de vendas, rapidamente deixou de o ser.

Será que o mesmo vai acontecer com alguns destes hábitos que fomos ganhando ao longo destes quase dois anos? Ou será que vamos ganhar novos hábitos como consequência destes primeiros passos que fomos obrigados a dar, de forma tornar o nosso dia a dia mais amigo do planeta?

A expressão “desenvolvimento sustentável” não é uma novidade e já fazia parte do nosso léxico antes da Covid-19. Porém, a pandemia trouxe novos desafios incitando a discussões sobre o tema. E, se por um lado, trouxe pontos positivos para o meio ambiente, como a redução das emissões poluentes, por outro, aumentou drasticamente os resíduos urbanos e hospitalares, sendo que estes últimos não são recicláveis.

A sustentabilidade voltou a ser tema em vários discursos na 76.ª Assembleia-Geral da ONU e continua a ser tema estratégico para as empresas, por ser uma oportunidade de inovar e agregar valor, tornando-as mais competitivas no mercado, onde se acrescenta um fator, também cada vez mais valorizado, como a ética e transparência.

A mudança cabe ao consumidor exigir e às marcas e empresas oferecer. É um ciclo educacional que todos devemos fazer e que começa em cada um de nós. E desengane-se quem pensa que a nova geração trata do assunto, porque vários estudos comprovam que esta é uma preocupação dos jovens, mas uma ação que começa a ser efetiva na geração acima dos 30 anos, onde a decisão de compra deixa de se prender apenas com o fator preço. Este é o momento de viragem, de mudança e não de moda passageira.