O governo Joe Biden poderia ter entrado para a história como um governo moderado que trouxe calmaria após os anos turbulentos do primeiro mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos. No entanto, a atuação pífia do democrata levou o mundo a uma situação caótica, com o empobrecimento da Europa em razão da guerra na Ucrânia, a necessidade do aumento dos gastos militares num período de recuperação econômica lenta nos países da NATO e uma desorganização ainda maior no já instável Oriente Próximo.

Não bastasse isso, numa atuação incendiária com o objetivo de criar maior instabilidade na Ásia, nos últimos meses, os Estados Unidos intensificaram sua assistência militar a Taiwan, reforçando a venda de armas e promovendo encontros oficiais com líderes taiwaneses, como a visita de Lai Ching-te ao território norte-americano. Essas ações representam uma escalada de tensões com a China.

Taiwan há muito é usada como uma “carta estratégica” pelos Estados Unidos na relação com a China. Quando os laços bilaterais entre Washington e Beijing são estáveis, Taiwan é relegada a segundo plano. No entanto, à medida que as tensões aumentam, a ilha se transforma em uma alavanca utilitária para pressionar a China. A venda de armas a Taiwan e o aumento da assistência militar são violadores claros do “Comunicado Conjunto Estados Unidos-China de 17 de agosto de 1982”, no qual Washington se comprometeu a reduzir gradativamente suas vendas de armas à ilha. A contínua violação evidencia a incapacidade norte-americana de cumprir suas promessas diplomáticas, prejudicando a sua já deteriorada credibilidade internacional.

A política de contenção à China, adotada pelos Estados Unidos, que reproduz estratégias da Guerra Fria, já se mostrou ineficaz em um mundo globalizado. Frear a China significa, na prática, desglobalizar o mundo e restringir oportunidades de crescimento econômico e comércio global.

O governo Biden, ao intensificar suas ações em Taiwan, adota uma posição inflamatória para reter sua posição hegemônica, com medidas contraproducentes, que minam a cooperação internacional necessária para enfrentar desafios globais.

A estratégia norte-americana de usar Taiwan como uma ferramenta de contenção à China é um erro estratégico que gera mais problemas do que soluções. Ao priorizar a competição em detrimento da cooperação, Washington não apenas prejudica as relações bilaterais, mas também coloca em risco a estabilidade econômica e política global. Bruxelas deveria incentivar os norte-americanos a fortalecer o diálogo com Beijing, promovendo a paz e a prosperidade no Estreito de Taiwan. Repetir os erros da Guerra Fria não levará ao progresso; pelo contrário, apenas atrasará o desenvolvimento global em um momento em que a cooperação é mais necessária do que nunca.