A forma como as pessoas compram e vivem está a transformar o sector de bens de consumo e retalho de uma forma agressiva e sem precedentes. A diferenciação neste sector é uma questão de sobrevivência, sendo imperativo que o foco das empresas passe de proteger o que têm para criar o que precisam de se tornar.

A relação de confiança entre marcas e consumidores é uma fórmula complexa composta por inúmeras variáveis. O resultado esperado é que a combinação ótima entre variáveis contribuía de forma decisiva para a fidelização dos consumidores.

A maioria das empresas está submersa num vasto oceano de dados e focada no processo de transformar dados em valor para o negócio, com a extração de insights para fornecer incentivos ao consumidor. Mas, e se o paradigma se alterar e o acesso ao oceano de dados for bloqueado ou continuamente controlado, não pelos reguladores, mas pelos consumidores?

A partir daqui, o voucher de entrada para o jogo da relação e fidelização do consumidor é a confiança e a partilha de valor. Os consumidores só vão confiar nas marcas que utilizem os seus dados de forma responsável. O impacto de uma “fuga” de confiança será imediato e devastador. Num futuro, cada vez mais próximo, os consumidores irão transacionar a privacidade dos seus dados pessoais para obter produtos e serviços hiperpersonalizados e ultra convenientes; serão recompensados pelo valor dos seus dados pessoais e pela influencia que exercem; e utilizarão os dados para sustentar o equilibro ótimo entre o que precisam e o que consomem.

A perceção e atitude sobre a propriedade e privacidade dos dados está a mudar. Os consumidores começam a perceber que os seus dados são uma fonte de criação de valor e que apenas estarão dispostos à partilha, com as marcas que lhes entreguem o valor que procuram, entre outros, percecionado pela personalização e conveniência. É cada vez mais claro que está a emergir um novo papel para os dados (pessoais) e com isso novos modelos de negócio que serão novas oportunidades para as empresas de bens de consumo e retalho.

A inteligência artificial e dados pessoais irão desempenhar o papel principal na forma como empresas e marcas se irão relacionar com os consumidores. As pessoas irão confiar nos seus assistentes virtuais, munidos de inteligência (artificial), para as suas escolhas. Estes, serão os intermediários entre consumidores e marcas e também entre outros sistemas com inteligências artificial. Quem possui e controla os dados será um ponto crítico. Haverá situações em que os consumidores irão controlar os seus dados e outras em que as empresas terão maior poder. Como se irá desenrolar esta relação e se a mesma se torna numa fonte de tensão ou benefício para ambos, será critico.

Está na altura do sector de bens de consumo e retalho desafiar as ideias e posicionamento que moldaram o sector durante décadas. As empresas que entendem o futuro dos dados hoje, estarão mais próximas de vencer.