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Talento ‘tech’ ajuda consultoras, dizem gestores

As empresas que disponibilizam serviços de consultoria deverão, ao longo deste ano, desenvolver mais parcerias e sinergias externas e agregar competências entre os seus colaboradores, segundo os executivos contactados pelo Jornal Económico.
9 Fevereiro 2020, 20h00

Qual é o maior desafio das consultoras em 2020?

 

João Cunha Senior, Project Manager da Roland Berger

MODELO DE PLATAFORMA

A evolução de uma abordagem tradicional de verticais de especialização (sectoriais / funcionais) para um modelo de plataforma é um dos principais desafios das consultoras. Os consultores têm hoje de agregar novas competências e de se atualizar mais rápido, de se adaptar a uma gestão multi-parceiro e de adotar uma visão mais integrada entre a conceptualização e a implementação. Compatibilizar essa evolução, que é necessária, recorrendo a um novo perfil de recursos e competências internas, num quadro de competitividade com outras empresas que são cada vez mais atrativas na captação de talento (ex. startups), e a parcerias externas é um desafio mais presente.

 

João Viana Ferreira, Partner da everis Portugal

Integração de tecnologia

O grande desafio das consultoras reflete a evolução da sociedade em que os seus clientes e colaboradores se inserem. Mais do que nunca, as consultoras vão ter de ter capacidade para: integrar na sua oferta novos temas e novos problemas, onde tudo tem uma forte vertente tecnológica, muitas vezes com desafios éticos que até aqui não existiam e com implicações para a sociedade ainda desconhecidas (robotização, inteligência artificial, realidade mista, por exemplo); reter e contratar pessoas capazes não só de apoiar os seus clientes nestes temas, mas de continuarem a fazê-lo daqui a 5 ou 10 anos, em reinvenção permanente, num contexto de concorrência internacional por “cérebros”; manter uma componente de empatia, de ligação emotiva entre consultora, colaboradores e clientes, que ultrapasse a mera relação comercial e permita um crescimento sustentado de todos.

 

José Gonçalves, Presidente da Accenture Portugal

Entrega de resultados concretos

O grande desafio da Accenture é consolidar-se como o parceiro de referência para a inovação e transformação digital dos seus clientes, comprometido com a entrega de resultados concretos de negócio, mobilizando as nossas capacidades end-to-end que claramente nos distinguem no mercado: (1) Adivsory (“Strategy & Consulting”); (2) Serviços de SI/TI (“Technology”); (3) Outsourcing transformacional de processos (“Operations”); e (4) Agência de marketing e experiência digital (“Interactive”). Queremos ser um player que é remunerado em função do valor que criamos às principais empresas portuguesas e, desde logo, à economia nacional, não uma entidade que presta serviços com base na faturação de honorários. Iremos ainda reforçar a aposta na exportação para os principais clientes globais da Accenture, acelerando a criação de centros de competência e de emprego altamente qualificado no nosso país.

 

RUI ALMEIDA, CEO da Moneris

Automação e gestão de talento

Gostaria de destacar dois desafios essenciais para as empresas de consultoria: tecnologia e gestão de talentos. A tecnologia está a ter um impacto sem precedentes nas empresas de serviços profissionais. A inovação tecnológica está, presentemente, a por em causa os modelos tradicionais de prestação de serviços, criando oportunidades e ameaças que têm de ser endereçadas. No que diz respeito à consultoria em processos de rotina, a automação, digitalização e robotização são hoje fatores essenciais, indutores de produtividade e rentabilidade; por outro lado, no que diz respeito à consultoria de processos operacionais não recorrentes, de negócio e estratégicos, a visão tecnológica e de inovação tem de estar claramente enquadrada na proposição de valor apresentada pelos consultores. Num segundo eixo, a gestão de talentos tornou-se igualmente um dos maiores desafios do setor de serviços profissionais. A escassez atual de recursos qualificados leva a que haja uma concorrência permanente pelo conhecimento e pelo capital humano. Atrair, desenvolver e reter talentos tornou-se, assim, um desígnio tão ou mais importante como ganhar novos clientes e novos projetos. Sem os recursos certos e em suficiente escala, qualquer empresa de consultoria está condicionada na sua capacidade de crescer e de se desenvolver.

 

Sérgio Santos Pereira, Partner da Mazars

 

Mário Patrício, Tax Senior da Mazars

Atração de recursos humanos

O grande desafio será a retenção e atração de profissionais. Estando o mercado numa fase em que a procura por talento é superior à oferta, este é, para as consultoras, o grande desafio. Acreditamos que esta dificuldade tem que ver com o paradigma de gestão e liderança da maioria das consultoras, que ainda não se adaptou a um realidade em que os profissionais se querem sentir motivados, justamente remunerados, desafiados intelectualmente, parte integrante da organização, e não apenas um recurso para atingir um fim. Nós, na Mazars Portugal, estamos a posicionarmo-nos de forma diferente para que este desafio seja ultrapassado com excelência.

 

Bruno Mateus Madinha, Partner da EY Portugal

Formas de servir alternativas

A nossa atividade não é imune à disrupção digital que afeta os nossos clientes, pelo que em 2020 a EY continuará a desenvolver novas formas de servir os nossos clientes, seja assentes em tecnologia inovadora que permite maior eficiência e rapidez, seja flexibilizando os modelos de organização do trabalho e de conjugação dos especialistas adequados nas equipas de projeto. E certamente continuaremos também cientes de que o panorama de riscos para a nossa atividade e a nossa continuidade exigem uma atenção e capacidade de reação constante a todos os vetores de risco, desde o tecnológico ao humano.

 

João Paula de Carvalho, Partner da Deloitte Portugal

Definição da estratégia

Numa década que se espera de rápidas mudanças, um dos grandes desafios será a definição da estratégia perante a volatilidade do mercado e a velocidade a que ocorrem os ciclos de inovação.
Este contexto traz, essencialmente, dois tipos de desafios para as empresas de consultoria: em primeiro lugar, terem de redefinir o seu posicionamento e modelo organizacional, promovendo sinergias e apostando na definição de ecossistemas inovadores que possam contribuir para o desenvolvimento de novas ofertas disruptivas, alinhadas com as expetativas do mercado; em segundo lugar, a oportunidade de apoiar as organizações no importante caminho que querem percorrer, seja através do desenho de modelos multifuncionais que contribuam para uma maior organização e eficiência interna, seja na definição de algo que deve estar no top of mind de qualquer empresa na era em que vivemos: a diferenciação.
Numa perspetiva diferente, há o desafio da captação de talento. O conhecimento tecnológico é cada vez mais abrangente e transversal aos projetos de consultoria, pelo que a aposta num posicionamento inovador e tecnológico só é possível se houver um reforço de investimento no talento e em skills que sejam o suporte da transformação digital da organização. Este é um desafio de hoje mas que se prolongará ao longo dos próximos anos, uma vez que a procura por este talento é transversal a vários outros setores.

 

Paulo André, Managing partner da Baker Tilly

Princípios de ética

Os desafios são muitos e as oportunidades ainda maiores. O cumprimento da regulação é essencial, devendo a profissão assentar em princípios de ética, integridade, independência e confidencialidade. Estamos conscientes de que, nas áreas de auditoria e consultoria, a digitalização será um enorme desafio que permitirá ganhos na eficiência e qualidade do trabalho (análise de dados/amostras mais alargadas; softwares que relacionam diferentes rúbricas; softwares que facilitam a recolha de dados e comunicação com clientes, entre muitos outros). Tudo isto terá impacto nas pessoas. Os auditores e consultores terão de desenvolver capacidades e skills relacionados com as áreas de informática, análise de dados e matemática. Fazer análises críticas, saber relacionar o negócio com os “números” que se auditam, fazer extrapolações e indagar as variáveis de risco, passam a ser o foco. O processo de recolha e documentação será muito automatizado. As equipas terão elementos com menor experiência, em menor número. Os jovens profissionais terão novos concorrentes (trabalho feito à distância/remoto, feito em regime de subcontratação). E quem não se interessar por processos automáticos/digitais/informatizados e não desenvolver os seus conhecimentos em ambientes informatizados e digitais, não tem perfil para desenvolver uma carreira na área dos serviços profissionais.

 

NASSER SATTAR, Partner da KPMG

Soluções integradas

Na continuidade de 2019, os grandes desafios deste ano são a captação e retenção de talento. Uma prioridade que na KPMG está directamente associada a uma outra, relacionada com a formação específica dos nossos profissionais que a disrupção tecnológica impõe, de forma a continuarmos a entregar resultados reais aos nossos clientes no âmbito das novas tecnologias e dos novos modelos de negócio. Além disto, os dias de hoje exigem soluções integradas cada vez mais específicas de cada cliente e setor, o que encaramos como um estímulo adicional para prosseguirmos a estratégia que temos seguido e que tem sido cada vez mais reconhecida, nomeadamente na área do digital.

 

Lucas Calapez, CEO da PWKG Consulting

Resposta a necessidades maiores

Numa conjuntura económica em que cada vez mais, tanto as empresas como os particulares sentem dificuldade em cumprir com as suas responsabilidades financeiras, o grande desafio passa por responder a um conjunto de necessidades e exigências cada vez maiores, apresentado soluções diferenciadas e adaptadas a cada realidade. Atribuímos o nosso sucesso ao sucesso dos nossos clientes, por isso, a nossa maior preocupação é definir estratégias que acrescentem valor a todos os envolvidos no processo e que contribuam para o seu crescimento sustentável.

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