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“Tanto a IA como o ESG podem ser ‘drivers’ da inovação”

Pedro Dionísio, professor catedrático no Iscte Executive Education, juntou-se a Vicente Rodrigues, João Guerreiro, Rogério Canhoto e Hugo Faria, para escreverem “AI_NOVATOR na Era da Inteligência Artificial e da Sustentabilidade”. Nesta publicação abordam temas como ESG, sustentabilidade, inovação e marketing e como todos se interligam entre si e podem ser ajudados com a Inteligência Artificial. O Jornal Económico falou com o professor catedrático sobre o livro.
2 Dezembro 2024, 17h16

Antes da Inteligência Artificial, existiam outros termos no foco da discussão. Como é que temas como sustentabilidade e ESG dão as mãos a esta descoberta tecnológica?

Já em 1968, Minsky definia Inteligência Artificial como a ciência de desenvolver máquinas capazes de realizar tarefas que, se feitas por humanos, requeriam inteligência.

Nas últimas décadas, a Inteligência Artificial, quase sem darmos por isso, foi invadindo a nossa vida por iniciativa de grandes empresas e empresas tecnológicas. É assim que, somos conduzidos por aplicações como o Waze, no trânsito, vemos na internet publicidade adaptada ao nosso perfil e somos contactados, por exemplo, por uma empresa de telecomunicações que detetou, através de modelos de IA, potenciais comportamentos de abandono.

Contudo, há menos de 2 anos, mais precisamente a 30 de novembro de 2022, tudo mudou para mais de 200 milhões de utilizadores com o lançamento do ChatGPT, que trouxe a Inteligência Artificial Generativa para a nossa vida pessoal e profissional de uma forma generalizada.

Esta revolução fez com que temas como a transformação digital das empresas tivessem perdido importância para a IA e as suas aplicações aos mais diversos níveis.

A IA também pode ajudar as organizações a desenvolver melhores práticas de ESG, nomeadamente ao nível da Sustentabilidade.

Como pensa o AI_Novator? Que mensagens querem transmitir?

O livro AI_NOVATOR tem como grandes novidades a aplicação da IA Generativa, com use cases com dados de empresas, em todos os 14 capítulos de marketing, e cerca de 60 exemplos de boas práticas de ESG. Consideramos que tanto a IA como o ESG devem ser drivers dos processos de inovação – uma condição essencial para o sucesso de estratégias de marketing e, daí, o livro ser denominado AI_NOVATOR

Qual a ligação com o marketing?

O livro começa com um capítulo sobre a AI e o ESG e outro sobre a Inovação e, a partir do terceiro capítulo aborda os temas fundamentais do marketing, sempre com a tónica de exemplos de aplicação da AI e boas praticas de ESG e enaltecendo a inovação. Mas o próprio subtítulo indica “o Marketing na Era da Inteligência Artificial e da Sustentabilidade”.

O livro dá vários exemplos práticos de empresas portuguesas. Porque decidiram explorar esta vertente?

Desde 1992, quando escrevemos a primeira edição do Mercator, sempre apostámos em trazer exemplos de empresas portuguesas. O que pretendemos é sermos inspiradores para que os gestores portugueses verifiquem que os bons exemplos não são apenas estrangeiros; se outros em Portugal o fazem, por que razão eu não poderei também fazer? Considero que este foi um motivo determinante no sucesso do Mercator que, nas suas diversas edições, vendeu mais de 140.000 exemplares.

Que perspetivas acrescentam estes exemplos nacionais?

A perspetiva do “Portugal faz bem”. É fundamental acreditarmos em nós, como povo. Permitam-me citar Cristiano Ronaldo, inquestionavelmente a marca portuguesa com maior notoriedade mundial, numa recente intervenção, a 11 de novembro, na Gala das Quinas da FPF “Oiço muitas pessoas dizer que Portugal é um país pequeno, Portugal é um país grande e temos de pensar assim!”

Qual a razão de terem introduzido exercícios práticos?

Os exercícios práticos cobrem temas tão variados como a elaboração de perguntas para um estudo de mercado, uma análise de posicionamento, uma análise de preços da concorrência, uma análise de vendas em painéis de distribuição, a preparação de uma negociação comercial, o planeamento de um projeto ou a transformação de uma imagem de uma campanha para um ambiente cultural de outro país. Por serem tarefas do dia a dia de cada gestor, estes exercícios permitem aos leitores aprender a tirar melhor partido da IA Generativa. Esta abordagem já foi por nós testada nos cursos para gestores do Iscte Executive Education e em workshops para empresas.

Quais as mensagens mais importantes a passar para os leitores?

A mensagem principal é que, no livro, encontram, com uma linguagem simples, muitas dezenas de exemplos inspiradores, podendo aprender a fazer boas prompts para aumentar a vossa produtividade nas atividades empresariais.

Aprender a lidar diariamente com a IA Generativa permite a cada um encontrar “alguém” com acesso a enorme quantidade de informação e capaz analisar e de produzir conteúdos a seu pedido – é extremamente útil, sobretudo a quem não tem grandes equipas a quem pode pedir essas tarefas, como é o caso dos gestores das PMEs

As preocupações com a IA, nomeadamente no que diz respeito à substituição dos humanos, devem ser consideradas? Ou, neste momento, é preferível capacitar para o uso e conhecimento da IA?

Naturalmente que, em qualquer revolução ocorrerá a substituição de trabalho de homens pela máquina, como existiu, por exemplo, na Revolução Industrial. Mas a ideia principal a reter para muitos é que não será a Inteligência Artificial a substitui-lo, mas sim alguém que saiba utilizar eficazmente a Inteligência Artificial.

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