[weglot_switcher]

TAP apresenta prejuízo de 493,1 milhões de euros no primeiro semestre

Os primeiros resultados da TAP apresentados pela presidência executiva de Christine Ourmières-Widener reportam um prejuízo de 493,1 milhões de euros no primeiro semestre de 2021 e um resultado negativo de 129,1 milhões de euros de abril a junho, segundo informações comunicadas à CMVM. A TAP diz que “o aumento de capital quase compensou o prejuízo” semestral.
27 Agosto 2021, 17h45

Os resultados da TAP no segundo trimestre foram francamente melhores que os registados no trimestre anterior, fixando o prejuízo da companhia, de janeiro a junho, em -493,1 milhões de euros, o que traduz um aumento de 88,8 milhões em termos homólogos, enquanto o prejuízo do segundo trimestre de 2021 se situou nos -129,1 milhões de euros, o que traduz um aumento de 58,9 milhões de euros face ao período homólogo de 2020, refere a TAP na informação enviada esta sexta-feira, 27 de agosto, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Note-se que a companhia aérea refere que o aumento de capital concretizado, de 462 milhões de euros, “quase compensou o resultado líquido negativo do semestre”. Com este aumento de capital, subscrito pela República Portuguesa através da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, “o capital social da TAP aumentou de 41,5 milhões de euros para 503,5 milhões de euros”

Refere a TAP que “o resultado líquido da companhia aérea no primeiro semestre de 2021 foi negativo em 493,1 milhões de euros, o que representa um aumento de 88,8 milhões de euros milhões quando comparado com o período homólogo. As rúbricas mais relevantes foram os juros (149,2 milhões de euros) e as diferenças de câmbio (-62,8 milhões de euros), que estão na sua maior parte relacionadas com a depreciação do euro face ao dólar, no entanto sem um impacto imediato em caixa dado que respeita a rendas futuras. Pela positiva, o maior contributo (depois de EBIT) foi o valor positivo do over hedge de jet fuel de 8,7 milhões de euros”. Por outro lado, “o resultado líquido da TAP foi negativo em -128,1 milhões de euros no segundo trimestre de 2021, o que representa um acréscimo de 237,0 milhões quando comparado com o primeiro trimestre de 2021 e de 58,9 milhões face ao segundo trimestre de 2020”, refere a TAP.

Trata-se dos primeiros resultados apresentados pela presidência executiva de Christine Ourmières-Widener, que, na divulgação efetuada na conference call a realizar esta sexta-feira, 27 de agosto, a partir das 18h00, também contará com a presença do administrador executivo João Gameiro, recentemente nomeado pela TAP para ser o representante para as relações com o mercado e com a CMVM, em substituição de Alexandra Margarida Vieira Reis.

Prejuízo de 1.230 milhões de euros em 2020

Recorde-se que em 2020 a TAP teve um prejuízo de 1,23 mil milhões de euros, o que traduziu um agravamento doze vezes superior ao prejuízo registado em 2019. O prejuízo da TAP em 2020 compara como os 106 milhões de euros negativos apresentados em 2019. Até ao terceiro trimestre de 2020 a TAP tinha registado um prejuízo de 700,5 milhões de euros, mas o pior aconteceu depois, pois praticamente parou a sua atividade no último trimestre do ano.

No primeiro trimestre de 2021 a TAP reportou um prejuízo líquido de 365,1 milhões de euros, que, se fosse repetido nos restantes trimestres, daria um prejuízo total em 2021 semelhante ao de 2020. Mas a evolução da companhia aérea no segundo trimestre afastou um cenário tão negativo.

Note-se que as medidas destinadas a proteger a posição de caixa da TAP, juntamente com o empréstimo recebido do Estado Português em 2020, permitiram terminar o primeiro trimestre de 2021 com uma posição de caixa de 237,6 milhões de euros, o que compara com os 518,8 milhões de euros registados em 31 de dezembro de 2020.

Redução da frota

Na frota, foram desativadas três aeronaves mais antigas – dois A330 e um A320 – no primeiro trimestre de 2021. A frota operacional total da TAP incluía 93 aeronaves a 31 de março de 2021 (onde se contam as frotas operadas pela Portugália e pela White e as três aeronaves que operam no segmento de carga). Estava previsto que no segundo trimestre de 2021 começassem a operar dois A320neo e um A321neoLR (este último tem um papel fundamental na estratégia da TAP para as rotas de longo curso, pois permite manter um custo de viagem menor).

Houve por isso uma redução líquida da frota de aeronaves através da saída durante este semestre de dois Airbus A330 e três Airbus A320, enquanto entraram um A321LR e dois A320 Neo, informa a TAP. “Os aviões que se juntaram à frota operacional da TAP reforçam a aposta da empresa em aviões com consumos mais eficientes, e que permitem à TAP adaptar a sua operação de acordo com o ritmo da recuperação da procura”, diz a companhia.

Aumento de capital quase compensa prejuízo

No que respeita ao capital próprio, a TAP menciona “o aumento de capital de 462 milhões de euros que quase compensou o resultado líquido negativo do semestre”. Com este aumento de capital, subscrito pela República Portuguesa através da DGTF, “o capital social da TAP aumentou de 41,5 milhões de euros para 503,5 milhões de euros, e a República Portuguesa, através da DGTF, tornou-se um acionista direto da TAP com uma participação de cerca de 92% no capital social da empresa, sendo os remanescentes cerca de 8% diretamente detidos pela TAP – Transportes Aéreos Portugueses, SGPS, S.A. (‘TAP SGPS’)”.

No que respeita à dívida bruta, registou-se um aumento de 80 milhões de euros, em resultado do aumento do passivo de locação com opção de compra, bem como da subida dos juros capitalizados do empréstimo do Governo português.

TAP pode ter de ceder ‘slots’

Ainda não é certo que a TAP não tenha de ceder ao mercado alguns dos seus “trunfos” mais relevantes para relançar a atividade e permitir o aumento significativo do número total de passageiros transportados, como é o caso do número total de “slots” que dispõe, dos quais poderá ter de abdicar parcialmente. Entretanto, é previsível que, em breve, a sociedade do acionista privado Humberto Pedrosa deixe de ser acionista da TAP, ficando o Estado com a totalidade do capital.

O processo de insolvência da Groundforce é outro dos problemas que pode limitar o crescimento da atividade da TAP, pois não há transporte aéreo eficiente sem um serviço de handling expedito. E a situação da investigação de Bruxelas aos apoios concedidos pelo Estado também terá ser ser clarificada para evitar novos condicionalismos de mercado à operação da TAP. Entre os fatores positivos estão as novas rotas que a TAP começou a operar este verão, para Ibiza, Fuerteventura, Zagreb (na Croácia), para a Tunísia e Marrocos.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.