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TAP. Ex-adjunto queria revelar notas de reunião secreta ao Parlamento. Galamba não concordou e teve “reação irada”

Frederico Pinheiro acusa João Galamba de querer mentir à CPI sobre as notas que tirou durante a reunião secreta entre deputados do PS e a ex-CEO da TAP.
André Kosters/Lusa
28 Abril 2023, 18h29

O ex-adjunto de João Galamba no ministério das Infraestruturas revelou hoje que João Galamba “teve uma reação irada” quando Frederico Pinheiro exigiu que as notas por si tiradas numa reunião secreta fossem reveladas à comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP.

Esta reunião teve lugar em janeiro para preparar a ida de Christine Ourmières-Widener ao Parlamento e a sua articulação com os deputados do PS, com o ex-assessor a estar presente, tendo tirado notas do encontro.

O JE já pediu uma reação ao gabinete do ministro João Galamba.

Fita do tempo da polémica sobre as notas tiradas por Frederico Pinheiro:

16 de janeiro

A CEO da TAP “comunica por telefone ao adjunto Frederico Pinheiro a intenção de participar na reunião preparatória do dia seguinte, entre o Ministério das Infraestruturas e o GPPS [Grupo Parlamentar do Partido Socialista]. De imediato Frederico Pinheiro informa por escrito o Ministro das Infraestruturas da intenção da “TAP” participar na reunião, tendo João Galamba dado autorização. De imediato Frederico Pinheiro envia um email aos serviços do Ministério das Infraestruturas para enviarem os convites para a participação da CEO da TAP na reunião, a realizar no dia seguinte via plataforma Zoom”.

17 de janeiro

Tem lugar a reunião entre os deputados socialistas e a então CEO da TAP. O ex-adjunto esteve presente onde tomou notas.

18 de janeiro.

Tem lugar a audição de CO-W no Parlamento que tinha sido previamente combinada com os deputados socialistas.

4 de abril

A ex-CEO da TAP revela na CPI que tinha tido lugar a reunião preparatória com os socialistas a 17 de janeiro.

5 de abril

João Galamba reúne com Frederico Pinheiro para abordar o tema da reunião preparatória. No encontro disse “não ver problema nenhum no facto de a reunião se ter realizado e reforçou que tinha sido o próprio, a 16 de janeiro, a revelar a Christine Ourmières-Widener a existência de uma reunião preparatória entre o Ministério das Infraestruturas e o GPPS, a realizar a 17 de janeiro”, segundo o ex-assessor.

“Nesse momento, o adjunto Frederico Pinheiro indica ter tomado notas da reunião, que registou no computador. Resumiam o que tinha sido abordado em ambas as reuniões e partilhou, oralmente, os seus apontamentos, tendo ficado claro que, naquela reunião de 17 de janeiro tinham sido articuladas perguntas a serem efetuadas pelo GPPS e tinham sido referidas as respostas e a estratégia comunicacional da CEO da TAP”, acrescenta.

“Ficou indicado que, em caso de requerimento pela Comissão Parlamentar de Inquérito, as notas não seriam partilhadas por serem um documento informal”, segundo o ex-assessor.

6 de abril

O Ministério das Infraestruturas emite um comunicado – sem a concordância de Frederico Pinheiro – onde foi indicado que o assessor “esteve presente na reunião de 17 de janeiro em representação do Ministério das Infraestruturas”.

13 de abril

O deputado socialista sai da CPI à TAP por ter estado presente na reunião preparatória com Christine Ourmières-Widener.

24 de abril

“É indicado a Frederico Pinheiro pela técnica Cátia Rosas que o gabinete ia responder à CPI, no âmbito de um requerimento, que não existiam notas da reunião. Nesse momento, Frederico Pinheiro indica à técnica que, como sabia, tal era falso e que, no seguimento do comunicado do Ministério das Infraestruturas de dia 6 de abril, era provável que Frederico Pinheiro fosse chamado à CPI e que, nesse momento, seria obrigado a contradizer a informação que estava naquela resposta, com a qual eu discordava. A técnica Cátia Rosas disse que iria articular a resposta a enviar com o Ministro das Infraestruturas e com a chefe do gabinete que estavam em Singapura”.

25 de abril

O ministro das Infraestruturas contacta Frederico Pinheiro “por mensagem e por telefone e, em ambas as ocasiões, Frederico Pinheiro deixa claro que a decisão que tomaram de não revelar a existência das notas teria de ser revista. João Galamba teve uma reacção irada”, segundo o ex-assessor.

25 de abril (à noite)

“Frederico Pinheiro envia ao ministro das Infraestruturas por email as notas que tirou das reuniões de 16 e de 17 de Janeiro e enviou igualmente uma sugestão de mudança na resposta a enviar à CPI. A sugestão assentava na divulgação das notas tiradas na reunião de 17 de janeiro”.

26 de abril

O Ministro das Infraestruturas João Galamba ligou ao adjunto Frederico Pinheiro a comunicar que estava despedido”.

Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro João Galamba

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