A novela em torno da TAP conhece esta semana um novo desenvolvimento, com a notícia, avançada nesta edição do Jornal Económico, de que o bónus previsto no contrato assinado com a CEO Christine Ourmières-Widener não é válido, uma vez que não passou pela assembleia-geral da companhia aérea.

É mais uma trapalhada num longo rol de trapalhadas em volta da companhia aérea, que recebeu 3,2 mil milhões de euros em dinheiros públicos.

Em teoria, o contrato ainda pode ser submetido à assembleia-geral e à comissão de vencimentos da companhia. Mas pode o acionista Estado – leia-se, o Governo – correr esse risco do ponto de vista político?

Ainda que o contrato venha a ser ratificado a posteriori, deixa em aberto várias questões relevantes, como o facto de prever que o mandato de Christine Ourmières-Widener se prolonge até 2026, para além do quadriénio 2021/2024. Uma explicação possível para este facto é que sirva para garantir um para-quedas dourado à gestora francesa, na medida em que, segundo o contrato, teria de ser indemnizada se não fosse reconduzida para um novo mandato, de 2024 em diante.

Esperemos que estes e outros aspetos relacionados com a contratação da CEO da TAP e o que tem acontecido na companhia sejam devidamente esclarecidos na comissão parlamentar de inquérito. Tal como, de resto, o Presidente da República lembrou há dias.

A este respeito, recorde-se que o plano de reestruturação da TAP, que todos fomos chamados a financiar enquanto contribuintes, não foi ainda revelado. Custa-nos 3,2 mil milhões, mas continua no segredo dos deuses. Hoje, o Jornal Económico levanta uma ponta deste espesso e pesado véu que os contribuintes portugueses foram obrigados a carregar.