Tarifa sobre etanol prejudica empresas e estados americanos, dizem produtores brasileiros
O diretor-presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia), Evandro Gussi, disse na última quinta-feira que lamenta a possibilidade de que tenha lugar o aumento da tarifa sobre as importações de etanol dos Estados Unidos. Segundo este responsável, o setor tem vindo a conversar com o governo brasileiro sobre o tema.
O presidente americano Donald Trump assinou uma ordem de implementação de tarifas recíprocas, colocando no alvo países que, segundo o governo americano, praticam impostos sobre produtos dos EUA. O etanol brasileiro foi citado como exemplo.
“Lamento essa postura do presidente [Trump], na medida que ele coloca como alvos de reciprocidade dois produtos que são absolutamente diferentes”, afirmou Gussi —o etanol brasileiro é feito de cana, e o americano, de milho.
“A razão pela qual os Estados Unidos importam etanol do Brasil é porque o etanol brasileiro tem um nível de sustentabilidade, um nível de redução de emissões de gases do efeito estufa muito maior do que os Estados Unidos.”
Dados da Unica apontam que o mercado americano foi o destino de 27% das exportações brasileiras de etanol em 2024, perdendo apenas para a Coreia do Sul, com cerca de um terço do total.
O decreto americano que visa o aumento de tarifas diz que os EUA cobram apenas 2,5%, enquanto o Brasil cobra 18% de tarifa em suas importações do produto. “Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de 190,5 milhões de euros em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas 49,5 milhões de euros em etanol para o Brasil”,
Gussi diz que estados como a Califórnia e empresas comprometidas com redução das emissões compram o produto do Brasil para cumprir suas metas de descarbonização. “Esse eventual aumento da tarifa vai significar, justamente, um incremento, uma dificuldade a mais nesse processo”.
Evandro Gussi ressalta que é preciso esperar pela concretização do aumento de tarifas, mas, enquanto isso, o setor tem vindo a discutir o tema com o governo brasileiro, “que é absolutamente sensível aos atributos ambientais do etanol”, diz.
