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Tarifas: Bruxelas pede envolvimento dos Estados Unidos nas negociações com União Europeia e admite alargar oferta

“Estamos dispostos a analisar uma série de outras áreas também [para a oferta de tarifas zero sobre bens industriais], mas precisaríamos de um nível adicional de compromisso por parte dos Estados Unidos para manter a bola a rolar”, disse o porta-voz do executivo comunitário para a área do Comércio, Olof Gill.
15 Abril 2025, 12h54

A Comissão Europeia pediu hoje, um dia após uma primeira reunião, o envolvimento dos Estados Unidos nas negociações com a União Europeia (UE) sobre o comércio transatlântico, após anúncios norte-americanos de pesadas tarifas, admitindo alargar a oferta comunitária.

“Estamos dispostos a analisar uma série de outras áreas também [para a oferta de tarifas zero sobre bens industriais], mas precisaríamos de um nível adicional de compromisso por parte dos Estados Unidos para manter a bola a rolar”, disse o porta-voz do executivo comunitário para a área do Comércio, Olof Gill.

O responsável falava na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas, um dia após uma “reunião muito concentrada e produtiva” entre os dois blocos transatlânticos, na qual a UE esteve representada pelo comissário europeu do Comércio, Maroš Šefčovič, e os Estados Unidos pelo Secretário do Comércio norte-americano, Howard Lutnick.

“Precisamos de ouvir mais da parte dos americanos. […] Precisamos de ter uma ideia mais clara sobre quais são os seus resultados preferidos nestas negociações”, insistiu o porta-voz.

Da parte europeia, “a oferta continua claramente em cima da mesa”, assentando em tarifas zero sobre produtos industriais, incluindo automóveis, e poderá ser alargada, adiantou Olof Gill sem especificar.

As contramedidas anunciadas pela UE para responder às tarifas aduaneiras impostas pelos Estados Unidos ao aço e alumínio comunitários estão suspensas até 14 de julho para permitir negociações, oficializou na segunda-feira a Comissão Europeia.

A UE prefere dialogar com o seu parceiro transatlântico e, por isso, o comissário europeu do Comércio, Maroš Šefčovič, esteve na segunda-feira em Washington para reuniões com os seus homólogos norte-americanos a fim de explorar o terreno para uma solução negociada.

A reunião aconteceu num momento de acentuadas tensões comerciais depois dos anúncios do Presidente norte-americano, Donald Trump, de imposição de taxas de 25% para o aço, o alumínio e os automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas entretanto suspensas por 90 dias.

Esta suspensão acalmou os mercados, que têm vindo a registar graves perdas, e foi saudada e secundada pela UE, que suspendeu, durante o mesmo período, as tarifas de 25% a produtos norte-americanos que havia aprovado na quarta-feira em resposta às aplicadas pelos Estados Unidos ao aço e alumínio europeus.

A Comissão Europeia tem optado pela prudência e essa cautela é apoiada por países como Portugal.

Bruxelas quer, neste período de pausa de 90 dias, conseguir negociar com Washington, depois de ter já proposto tarifas zero para bens industriais nas trocas comerciais entre ambos os blocos.

Cálculos da Comissão Europeia dão conta de que os novos direitos aduaneiros norte-americanos podem implicar perdas de 0,8% a 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA até 2027, sendo esta percentagem de 0,2% do PIB no caso da UE.

No pior cenário, isto é, se os direitos aduaneiros forem permanentes ou se houver outras contramedidas, as consequências económicas serão mais negativas, de até 3,1% a 3,3% para os Estados Unidos e de 0,5% a 0,6% para a UE.

Em termos globais, o executivo comunitário estima uma perda de 1,2% no PIB mundial e uma queda de 7,7% no comércio mundial em três anos.

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