O comissário de Comércio, Maros Sefcovic, conversou com o homólogo, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e com o representante comercial Jamieson Greer, em ocasiões separadas e prepara-se agora para ir a Washington estender o âmbito das negociações. A decisão de última hora de ir pessoalmente aos Estados Unidos ocorreu depois destas duas conversas e parece mostrar que há abertura da administração Trump para promover o diálogo. Ou, pelo menos, para ouvir o que a União Europeia tem a dizer. Grosso modo, Sefcovic não irá levar nenhuma novidade a Washington – mas o Comissário tem a difícil tarefa de, enquanto atravessa o Atlântico pensar na forma como vai acomodar o facto de haver, entre os Estados-membros, duas posições de princípio: os que consideram que chegou a hora de o bloco deixar de ser um recetor das vontades de Trump (liderados pela França) e os que preferem contemporizar, na tentativa de atingir uma espécie de ‘mal-menor’ (liderados pela Itália). Uma equipa técnica da União está atualmente em Washington.
Depois de insistir na semana passada que um acordo comercial preliminar com Washington era iminente, a União foi surpreendida, no passado sábado, com a decisão de Trump de pretender impor uma tarifa de 30% sobre os produtos da UE que seguem para o mercado interno norte-americano, caso ambos os lados não consigam selar um acordo até 1 de agosto.
No fim de semana, a Comissão Europeia, que coordena o comércio em nome dos 27, adiou em duas semanas a implementação de um primeiro pacote de contramedidas que compreendem produtos até 21 mil milhões de euros em exportações dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que estuda um segundo pacote que pode ir até aos 72 mil milhões. A pausa agora expirará a 6 de agosto e o pacote ainda precisa da aprovação final dos Estados-membros – o que não se afigura simples dada a existência dos dois grupos.
Maros Sefcovic reuniu previamente com o Conselho dos Negócios Estrangeiros para discutir a resposta à administração de Donald Trump. No final, disse que “a UE não se afasta sem esforço genuíno”, dando conta de que voltará de imediato ao contacto com os parceiros norte-americanos. “A minha impressão é a de que é algo pelo qual vale a pena trabalhar, caso contrário não teríamos passado três meses a discutir um acordo de princípio com mais de 300 linhas tarifárias”, afirmou.
O propósito de Sefcovic surge depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter indicado que as contra-medidas retaliatórias em preparação pela União Europeia ficam adiadas pelas próximas semanas, na expectativa de um desenlace negocial até 1 de agosto. A nova lista contramedidas no valor de 72 mil milhões “não esgota a nossa caixa de ferramentas e todos os instrumentos permanecem na mesa”, segundo Maros Sefcovic – que desta forma indica que o bloco continua a preferir a via do diálogo a qualquer ‘escaramuça’ comercial que acabe por extremar os dois parceiros.
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