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Tarifas: União Europeia quer negociar, mas endurece pacote de possíveis contramedidas

As contramedidas face à tarifa de 30% proposta por Donald Trump para as exportações destinadas ao seu país valiam 21 mil milhões de euros, mas uma nova lista pode chegar aos 72 mil milhões. É a linha dura a impor-se antes da reabertura das negociações.
15 Julho 2025, 07h00

A União Europeia adiou este fim-de-semana contramedidas às tarifas norte-americanas de 21 mil milhões de euros e diz-se disposta a regressar à mesa das negociações – mas acenou com a possibilidade de agregar uma segunda lista retaliatória que pode abranger até 72 mil milhões. Fica assim claro, pelo menos em tese, que a União está a endurecer a sua posição – concertada desde logo entre Paris e Berlim e com a desconfiança de Roma – enquanto espera que os norte-americanos voltem a sentar-se á mesa das negociações e revejam em baixa as tarifas de 30% que foram anunciadas este sábado.

O comissário responsável pelo comércio da União Europeia, Maros Sefcovic, reuniu com o Conselho dos Negócios Estrangeiros para discutir a resposta à administração de Donald Trump. No final, disse que “a UE não se afasta sem esforço genuíno”, dando conta de que voltará de imediato ao contacto com os parceiros norte-americanos. “A minha impressão é a de que é algo pelo qual vale a pena trabalhar, caso contrário não teríamos passado três meses a discutir um acordo de princípio com mais de 300 linhas tarifárias”, afirmou.

O propósito de Sefcovic surge depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter indicado que as contra-medidas retaliatórias em preparação pela União Europeia ficam adiadas pelas próximas semanas, na expectativa de um desenlace negocial até 1 de agosto. A nova lista contramedidas no valor de 72 mil milhões “não esgota a nossa caixa de ferramentas e todos os instrumentos permanecem na mesa”, segundo Maros Sefcovic – que desta forma indica que o bloco continua a preferir a via do diálogo a qualquer ‘escaramuça’ comercial que acabe por extremar os dois parceiros.

De qualquer modo, Trump já disse que qualquer medida retaliatória vinda de qualquer parte do mundo – supõe-se que União Europeia incluída – merecerá da sua administração o acrescento de uma nova tarifa em cima daquela que está decidida para manter o ‘gap’ entre importações e exportações.

Na União Europeia, não há, apesar de todas as declarações, uma visão alinhada do problema. As duas maiores economias, França e Alemanha, parecem estar fartas de andar ‘a reboque’ dos humores de Donald Trump e de participarem em sucessivas reuniões que se desmentem uma às outras. Mas há países que preferem contemporizar. A Dinamarca, que assegura a presidência rotativa da União, diz que os Estados-membros mantêm o apoio às posições da Comissão. Lars Loke Rasmussen, ministro dinamarquês dos Negócios Estrangeiros, transmitiu a ideia de “um forte sentimento de unidade” na conferência de imprensa após a reunião dos 27 ministro da pasta.

Entretanto, Bruxelas diz estar à procura de novos entendimentos comerciais com o resto do mundo, sobretudo na Ásia e Pacífico. Depois de um princípio de entendimento com a Indonésia, que Ursula von der Leyen deu a conhecer este domingo, podem seguir-se acordos com Tailândia, Filipinas ou Malásia e mesmo com a Índia até ao final do ano. Há ainda negociações em curso com Emirados Árabes Unidos e a intenção de lançar “tão brevemente quanto possível”, disse Sefcovic, com os países da Parceria Transpacífico (CCTTP, que reúne Canadá, Austrália, Brunei, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e Vietname).

Evidentemente que, como sucedeu no caso dos BRICS, o mais provável é que, por cada acordo que a União Europeia assine com países terceiros, Washington acrescente novas tarifas aos países envolvidos. Uma possibilidade real que indica que é o grupo dos Estados-membros de linha dura que têm razão.

 

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