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Tecnologia portuguesa controla aeroportos de Xangai

A Edisoft, do Grupo Thales, tem em Portugal um Centro de Competência com os engenheirosmais especializados nas tecnologias aeroportuárias.
30 Março 2019, 15h00

O aeroporto de Pudong, em Xangai – o nono maior do mundo, que movimenta mais de 74 milhões de passageiros por ano e cresceu 5,8% em 2018 – utiliza software de gestão de tráfego aéreo desenvolvido pela engenharia portuguesa. Isto acontece porque nos últimos quatro anos Portugal efetuou uma viragem tecnológica radical no desenvolvimento deste tipo de software.

De julho de 2015 a 2019 Portugal passou de uma situação em que utilizava tecnologia ultrapassada e sem possibilidade de atualização, para atingir um nível de excelência de engenharia em que desenvolve um dos sistemas de controlo de atividade aeroportuária e do espaço aéreo mais sofisticados do mundo.

A Edisoft – controlada pelo gigante francês Thales, com 65% do capital, cabendo o restante à holding da defesa Empordef e à NAV, com 17,5% cada -, criou em 2015, perto de Lisboa, um centro de competência tecnológico com engenharia portuguesa que absorveu o know-how transferido da Thales Air Systems.

Um grupo de 60 engenheiros desenvolve um produto designado por “TopSky Tower System” que fornece as ferramentas de trabalho necessárias à atividade das torres de controlo dos aeroportos.

As suas principais funcionalidades permitem gerir o movimento dos aviões nas pistas e na plataforma de estacionamento, mas também permite monitorizar as operações de aproximação.

Tiago Sepúlveda, gestor da equipa de Aeronautics e Space Systems confirma que a procura internacional da tecnologia desenvolvida pela Edisoft tem vindo a aumentar, sendo elevado o número de aeroportos que passaram a utilizar as soluções TopSky Tower.

Além do aeroporto de Pudong, o aeroporto de Hongqiao, também em Xangai, utilizam software da Edisoft, bem como o aeroporto internacional do Abu Dhabi, os aeroportos franceses de Saint Exupéry em Lyon e de Nice, o aeroporto polaco de Gdansk/Sesar 2020, os aeroportos tailandeses de Suvarnhabumi, Don Mueang, Chiang Mai, Phuket, Hat Yai, Surat Theni, Udon Thani e Samui e ainda os aeroportos egípcios de Urgada e Taba.

Mas o trabalho da Edisoft não se fica por aí. É a sua equipa de engenheiros que desenvolve a tecnologia que a NAV Portugal vai adotar  nos aeroportos portugueses para efetuar o controlo do espaço aéreo português a partir de 2020, que permitirá igualmente aumentar, entre outros, a capacidade de gestão dos aviões  com destino aos aeroportos de Lisboa (o Aeroporto Humberto Delgado e o futuro aeroporto comercial do Montijo). A NAV Portugal deixará assim de trabalhar com um antiquado (e esgotado) sistema de controlo de tráfego aéreo porque aderiu à Aliança

COOPANS (Aliança entre os Prestadores de Serviços de Navegação Aérea da Áustria, Croácia, Dinamarca, Irlanda e Suécia).

A entrada na Aliança COOPANS proporciona à NAV Portugal um melhor posicionamento face aos desafios tecnológicos colocados aos prestadores de Serviços de Navegação Aérea pelas diretivas do Céu Único Europeu, e para fazer face ao aumento do tráfego registado na Região de Informação de Voo (RIV) de Lisboa. Na Aliança COOPANS todos os membros utilizam um sistema de gestão de tráfego aéreo comum já testado e em operação em sete centros de Controlo de Tráfego Aéreo, com capacidade para evoluir, num quadro de participação coletiva, mediante a partilha dos respetivos custos.

Os quatro principais aeroportos portugueses – Lisboa, Porto, Faro e Funchal – passam a ter o apoio do parceiro tecnológico do Grupo Thales para enfrentar as necessidades de incremento da capacidade instalada que venham a ser necessárias ao aumento do tráfego aéreo na RIV de Lisboa. Este novo sistema de controlo de tráfego aéreo dará um novo fôlego aos aeroportos da zona de Lisboa – Portela e Montijo – pois a reforma do velho sistema permitirá coordenar a utilização das pistas das duas margens do estuário do rio Tejo. O Sindicato dos Controladores de Tráfego Aéreo (SCTA) já tinha denunciado que o sistema da NAV registou pelo menos quatro “apagões” em 2017. O custo do novo sistema pode ultrapassar os 30 milhões de euros.

Artigo publicado na edição nº 1980 do Jornal Económico

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