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“Temos de evoluir de vender software para sermos consultores de gestão”, diz administrador da PHC

O diretor de negócios da PHC Software, Rogério Canhoto, considera que os profissionais do sector estão a atravessar “um ponto de charneira” nas suas carreiras e devem, mais do que disponibilizar tecnologia de gestão, assessorar e formar os clientes.
15 Março 2022, 18h14

A tecnológica portuguesa PHC deu esta terça-feira o pontapé de saída do seu evento anual – Open Minds (“Mentes Abertas”) – com a convicção de que “o software é cada vez mais importante para a competitividade das empresas e para a economia como um todo”, nas palavras do administrador e Chief Business Officer (CBO), Rogério Canhoto.

O gestor argumentou com um estudo norte-americano da aliança BSA (Business Software Alliance) e da “Economist”, de 2016, que conclui que 6% dos postos de trabalho vem do sector das tecnologias e desenvolvimento de software e 17% do investimento em investigação e desenvolvimento (I&D) advém desta área. Provavelmente, as percentagens estarão significativamente superiores seis anos depois.

Segundo o executivo de topo da PHC, há essencialmente três tendências que criam mudanças neste mercado, cada vez mais competitivo devido ao crescente número de agentes, à maior exigência dos clientes – “querem tudo para ontem” – e à constatação de que a rentabilidade do parceiro está ameaçada. “O que nos garantiu o sucesso do passado não nos garante o do futuro. Estamos a atravessar um ponto de charneira. Temos de evoluir de vender software para sermos consultores de gestão”, afirmou Rogério Canhoto, no evento que decorre até amanhã no Taguspark, em Oeiras, e reúne cerca de mil pessoas (online e presencialmente).

Uma visão partilhada por Jorge Guimarães, diretor de Sucesso de Parceiros na PHC: “Um cliente topo de gama precisa dos vossos serviços e do vosso apoio de consultoria. Não estamos a falar de um cliente de baixo custo, que invista cinco euros. Com todo este mundo da cloud [nuvem] e a dinâmica de rapidez que a pandemia nos deu, há serviços que podem oferecer enquanto parceiros de negócio: migração e configuração inicial, formação especifica e suporte técnico”.

As tendências suprarreferidas são as novas formas de trabalho (de repente as empresas depararam-se com o regime de trabalho híbrido, que lança desafios aos gestores, sobretudo em termos de avaliação de produtividade), a aceleração para o digital (a transformação digital “tornou-se um must have” na evolução do tecido empresarial) e a guerra pelo talento (preocupação de reter, conquistar e atrair recursos humanos qualificados).

Em declarações ao Jornal Económico (JE), Rogério Canhoto diz que há investimentos fundamentais para a competitividade e um dos eixos nos quais a PHC está a atuar para se diferenciar da concorrência são os novos produtos. “Apresentámos hoje um ERP [Enterprise Resource Planning] totalmente em web e um módulo novo para gestão de capital humano e lançámos o PHC Go no ano passado para um mercado [o das pequenas empresas] que não endereçávamos por natureza das nossas razões históricas, de estarmos muito focados no mid market”, esclarece o CBO.

Ou seja, a multinacional pretende agora explorar um segmento de mercado que tem cerca de 160 mil empresas pequenas e recusa lançar-se para já nas micro e startups. Para estas empresas, de pequena dimensão mas que façam vendas de pelo menos 100 milhões de vendas, há o software “PHC Go”, cuja quarta versão foi apresentada esta manhã. Debaixo dos holofotes do recém-inaugurado edifício da PHC, Inês Joaquim, especialista sénior de SaaS [Software as a Service], lançou a questão à audiência: “Que necessidades tem uma pequena empresa?”.

“Simplificar a gestão do dia a dia, manter uma gestão exigente, com poucos recursos e sem descurar da atenção aos seus clientes, cumprir com as obrigações legais, poupar tempo e controlar o negócio”, retorquiu, enquanto se preparava para levantar o véu das novidades da nova joia da coroa da tecnológica para os gestores de PME. Entre as atualizações estão a emissão de compras via e-fatura [aplicação da Autoridade Tributária e Aduaneira], a importação de documentos do fornecedor, a reconciliação bancária automática ou a assinatura digital certificada de documentos de faturação para remeter ao Estado.

No ano passado, a PHC Software teve um volume de negócios de 13,1 milhões de euros, em linha com a faturação registada em 2020 e apenas 5 milhões de euros acima dos níveis pré-pandemia.

Rogério Canhoto garante ao JE que ainda não se sentem impactos negativos da guerra na Europa de Leste no negócio e mostra-se convicto no sucesso das conversações entre Kiev e Moscovo para a resolução do conflito militar. “O Banco Central Europeu veio dizer que as perspetivas de crescimento económico se mantêm apesar do que se está a passar na Ucrânia – infelizmente e lamentavelmente para todos nós. Os organismos como Banco Mundial e mesmo Banco de Portugal dizem que os indicadores são positivos. Aqui acreditamos que a situação se vai resolver por via da negociação. Somos otimistas. Nunca vi os pessimistas darem-se muito bem”, concluiu.

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