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“Temos de ter banho de realidade do que é Portugal. E-Lar é para pessoas carenciadas”, diz ministra do Ambiente

Maria da Graça Carvalho respondeu hoje a críticas sobre deixar de fora do programa vários equipamentos, como a gás natural ou bombas de calor.
29 Setembro 2025, 12h12

A ministra do Ambiente e da Energia respondeu a críticas ao programa de apoio à compra de E-Lar, que arranca esta terça-feira, 30 de setembro.

“São elegíveis todos os equipamentos elétricos eficientes com classificação A, claro que são equipamentos não muito caros, estamos a falar de um programa para pessoas carenciadas, vulneráveis, especial prioridade às pessoas em pobreza”, começou por dizer Maria da Grava Carvalho esta segunda-feira.

“Não estamos a falar em bombas de calor. Temos de ter um banho de realidade do que é o nosso país, é um programa contra a pobreza energética, queremos eletrificar os consumos, é importante eletrificar, por uma questão de sustentabilidade, reduzir as emissões”, acrescentou em declarações aos jornalistas à margem da conferência que celebra os 25 anos da Agência para a Energia – Adene que teve hoje lugar em Carcavelos.

“Mas também por uma questão de proteger em relação ao preço, se continuamos dependentes de gás, continuamos completamente vulneráveis a oscilações exteriores, a guerras, não temos gás natural, temos todo o potencial de energias renováveis, para produzir eletricidade, para baixar o preço, quando as rendas garantidas estão a começar a acabar,

Trocar esquentador por termoacumulador? Fatura sobe 360 euros por ano

Trocar um esquentador a gás natural por um termoacumulador a eletricidade tem custos na fatura mensal de eletricidade. Tudo junto, os consumidores arriscam-se a pagar mais 360 euros de eletricidade por ano.

O alerta foi feito recentemente pela Deco Proteste que chama a atenção que o Programa E-Lar que o Governo lança a 30 de setembro “pode levar a um aumento da fatura energética para muitas famílias e que exclui as bombas de calor, uma das tecnologias mais eficientes do mercado”.

A organização destaca precisamente que os termoacumuladores elétricos, são a “única opção financiada pelo programa para o aquecimento de águas”, deixando de fora as bombas de calor.

“O termoacumulador elétrico, atualmente elegível, é referente a modelos de Classe A, sendo que os únicos disponíveis no mercado têm apenas até 30 litros de capacidade, aquém do recomendado pelo Manual de Certificação Energética dos Edifícios para uma pessoa (40 litros), o que os torna desajustados face às necessidades reais de um agregado familiar”, segundo a Proteste que aponta que esta opção agrava a fatura em mais de 360 euros por ano.

De fora ficaram as bombas de calor, “uma das tecnologias mais eficientes para o aquecimento de águas”, que permitiria uma poupança anual de cerca de 350 euros quando comparado com um esquentador a gás butano, o que mais se encontra nas casas portuguesas.

A Deco Proteste anunciou que já deu a conhecer as suas preocupações ao ministério do Ambiente e da Energia e alerta para temas como a “necessidade de simplificação de processos; a abrangência geográfica e concorrencial de fornecedores; os equipamentos elegíveis; os custos da eletrificação e potência contratada; as medidas de eficiência passiva e a compatibilidade e segurança na substituição de equipamentos”.

“Sem melhorias estruturais, como o isolamento térmico, existe o risco de as famílias verem as suas faturas aumentar, mesmo recorrendo a equipamentos eficientes. Por outro lado, a substituição de aparelhos a gás por equipamentos elétricos deve ser acompanhada de requisitos claros de segurança, ausentes do atual Aviso do Programa E-Lar”, disse em comunicado Mariana Ludovino, porta-voz da DECO Proteste.

A organização também alerta que o programa pode dar origem à necessidade de aumentar a potência de eletricidade contratada e obras na instalação elétrica. Por outro lado, vai ser necessário fazer a selagem segura das saídas de gás, com o regulamento a estar em falta sobre esta responsabilidade e custo.

A Deco também destaca que o regulamento “sugere que o voucher é de utilização única, o que pode obrigar os consumidores a comprar todos os equipamentos no mesmo fornecedor, uma medida que limita a liberdade de escolha”, podendo levar a que famílias fiquem excluídas pela sua localização geográfica, se a “rede de fornecedores onde o voucher pode ser descontado não seja ampla, diversificada e distribuída de forma equilibrada em todo o território continental”.

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