O setor das telecomunicações atravessa um momento de transição para a convergência de meios e serviços e a PT Empresas, a marca da Altice Portugal para o segmento empresarial, quer posicionar-se como um parceiro tecnológico, “com várias áreas de atuação”, para as grandes empresas e para as pequenas e médias empresas (PME).
O administrador com o pelouro B2B da Altice Portugal, João Sousa, disse ao Jornal Económico que a PT Empresas tem “um laboratório interno só para a Internet das Coisas [IoT], para que os parceiros dividam soluções” com a empresa. Porquê? “Porque mais do que produtos, vão ser alterações comportamentais a determinar o futuro do setor das telecomunicações. O que as telecomunicações e a tecnologia vieram trazer foi uma alteração gigante comportamental”, afirmou João Sousa.
Exemplo disso é o advento do 5G na cobertura de rede em Portugal que, apesar de “ainda ser uma question market, é a partir da sua aplicação que se deverá ver mais mudanças nas soluções fornecidas pela PT Empresas, concretamente na IoT. “Toda a visão do 5G estará ligada à IoT e aos serviços empresariais”, clarificou João Sousa.
Nos serviços empresariais, o foco passará pelas PME, uma vez que “a quota no segmento corporate é maior do que no segmento PME”, apesar de a quota de valor no mercado das PME ser já de 46%.
Para esse crescimento ocorrer, o que a PT Empresas procura fazer, de acordo com João Sousa, é retirar proveito das suas parcerias para responder a necessidades das PME, que por razões das suas dimensões “muitas vezes têm necessidades que não conhecem”.
“O que fazemos é criar soluções para o mercado corporate e democratizá-las para as PME, com preços acessíveis. Criamos soluções verticais, indexadas ao setor onde atuam, ou funcionais para as suas operações”.
Quando questionado sobre uma eventual intenção da Altice vender o Data Center da Covilhã, aquando da aquisição da extinta Portugal Telecom, o administrador da Altice Portugal disse: “Estou nesta área há quatro anos e nunca houve essa intenção. De facto, não faria sentido vender um ativo como o Data Center da Covilhã – nós temos sete destes em Portugal e queremos mantê-los. Falamos sempre muito mais no da Covilhã porque é a nossa joia. Pode ter surgido um buzz sempre associado que – quando a Altice chegou – poderia vender um conjunto de ativos. Mas veio a provar-se exatamente o contrário”.
Sobre o que uma empresa-cliente procura, sobretudo com a questão do 5G, João Sousa explicou que o mesmo “é agnóstico”. “O cliente quer velocidade e quer soluções para os seus problemas. Mas sobre o que está por trás o cliente é agnóstico”. E sublinhou que “mais de 99% do país está coberto com 4G e há clientes que ainda utilizam o 3G sem forçar o 4G, porque têm uma boa qualidade de serviço – o cliente quer é um serviço sem falhas”.
Sobre o investimento que a Altice Portugal tem feito em infraestruturas, o_administrador acredita dispor da “melhor infraestrutura do país” – o que influencia os objetivos para 2019 da PT Empresas. “O desafio é continuar a crescer na quota de mercado, crescendo dentro dos nossos clientes em todos os serviços que temos”, realçou.
Altice vai analisar caso a caso a saída voluntária de trabalhadores
Quase vinte dias após ter terminado o período de inscrições para o programa de saídas voluntárias da Altice Portugal, a empresa liderada por Alexandre Fonseca ainda não tomou uma decisão quanto ao que prometeu aos trabalhadores com mais de 50 anos que se inscreveram no Programa Pessoa. “A empresa está agora em processo de decisão e de avaliação de cada inscrição, que está a ser tomada de acordo com os critérios de indispensabilidade de cada colaborador, em conformidade com as funções que executa”, explicou ao Jornal Económico a fonte oficial da Altice Portugal quando questionada sobre os resultados do Programa Pessoa. Assim, este mecanismo de saída voluntária da telecom, que não tinha “objetivos mínimos ou máximos” quanto a adesões, está congelado.
O JE apurou que a demora na concretização deve-se ao número excessivo de trabalhadores que manifestaram vontade em deixar de trabalhar na Altice Portugal – um número que tornaria insustentável o Programa Pessoa.
Questionada com esta informação, a mesma fonte fez saber que é “prematuro” fazer um balanço, mas admitiu que foi registado “um número expressivo de manifestações de interesse, tendo superado a expetativa” da Altice quanto ao número de adesões.
O Programa Pessoa foi lançado em 16 de janeiro e consistia num mecanismo de saída voluntário de quadros da empresa, “em condições vantajosas”, por via da suspensão de contrato de trabalho, de um programa de pré-reforma e da rescisão de contrato de trabalho “em condições analisadas caso a caso”.
O respetivo período de inscrição para os trabalhadores elegíveis iniciou-se logo nesse dia 16 e decorreu até 4 de fevereiro. O objetivo anunciado era o de promover o rejuvenescimento da população laboral da Altice, num universo de 8.500 trabalhadores.
Desde o início que a empresa afirmou que se tratava de um programa voluntário e que não era uma forma de despedimento, mas o JE sabe que a forma como o período de inscrições decorreu causou mal-estar entre trabalhadores mais velhos.
“O Programa Pessoa e tudo o que o envolve deixa clara a aposta da Altice Portugal na estabilidade e paz social interna, não só pelas condições previstas no programa e pelo seu caráter totalmente voluntário, mas também pela extensão a colaboradores transmitidos“, assegurou fonte oficial.
Artigo publicado na edição nº 1977, de 22 de fevereiro, do Jornal Económico
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