É mais uma “vítima” – ainda que muito indireta – da crise que sacudiu o sector financeiro na última semana, com o colapso do Silicon Valley Bank e a imensa pressão sobre o Credit Suisse. O novo clima de incerteza já “travou” – mas não parou – a intenção dos quatro maiores bancos espanhóis – o Santander, BBVA, Caixabank e Sabadell – de criarem em conjunto um “banco mau” para gerir os créditos malparados empresas.
Estas quatro instituições bancárias têm vindo a realizar reuniões nos últimos meses com vista a poderem aglomerar num único veículo carteiras de crédito malparado a empresas, por forma a agilizar a sua reestruturação. Segundo o económico espanhol Cinco Días, o último destes encontros técnicos teve lugar nesta sexta-feira, precisamente quando o teto parecia abater-se em cima do Credit Suisse.
https://jornaleconomico.pt/noticias/ponto-de-situacao-do-credit-suisse-uma-corrida-ate-a-manha-de-segunda-feira-para-acalmar-os-mercados-1008325
Fontes conhecedoras do processo citadas pelo jornal espanhol indicam que o novo cenário que assusta o sector financeiro vai com certeza complicar o lançamento de um novo veículo para esse fim. Mas da reunião não saiu uma indicação clara de que o projeto vai ser posto de parte (nem que vai ser acelerado).
As fontes dos bancos (o Santander tem uma divisão em Portugal; o Caixabank é o principal acionista do BPI; o BBVA e o Sabadell tem ambos operação no nosso país) reveleram que já foi feita um ensaio-piloto com empresas clientes dos quatro para testar o funcionamento. O objetivo é o de contar com um mecanismo que permita gerir a dívida complicada das empresas face à previsão de uma subida no número de créditos não produtivos em 2023.
A intenção tem duas vertentes: por um lado fazer com que os bancos tenham de constituir menos provisões e, por outro, evitar a falência de empresas por não se fazer a tempo as reestruturações do crédito que estas precisam. O projeto prevê que os quatro bancos possam passar ao “banco mau” carteiras de créditos a empresas, mas com um especial pendor para os empréstimos a PMEs, uma vez que as previsões do sector indicam que será neste segmento que mais empresas vão começar a deixar de conseguir pagar a sua dívida.
As fontes do Cinco Días salientam que se trata de um projeto ainda em fase de amadurecimento, que para se concretizar terá forçosamente de contar com o consentimento do Banco de Espanha e do Ministério da Economia espanhol.
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