O desenvolvimento de novas soluções de inteligência artificial e robótica promete mudar para sempre a forma como vivemos. Da indústria à saúde, da mobilidade à agricultura, as potencialidades são inúmeras, bem como os desafios a nível ético, social e económico. Como a História demonstra, ninguém consegue travar o progresso, mas podemos tentar virar essa mudança a nosso favor.

Se por um lado a robotização promete destruir muitas das profissões que hoje existem, por outro permitirá trabalhar menos e melhor. Agostinho da Silva dizia, com razão, que o ser humano não nasce para trabalhar, mas para criar. É o trabalho que existe por causa do Homem e não o contrário. As máquinas podem libertar-nos de tarefas menores, permitindo que nos voltemos para coisas mais importantes. As máquinas podem permitir a criação de uma sociedade de bem-estar, onde trabalharemos menos horas mas de forma mais eficiente, e onde a riqueza gerada pela automação poderá servir para proporcionar uma vida decente a todos.

A certa altura, a escolha que teremos pela frente será entre ter uma sociedade profundamente desigual, com ricos cada vez mais ricos, vivendo paredes-meias com multidões que perderam o emprego para as máquinas; ou, pelo contrário, uma sociedade onde as pessoas tenham as necessidades básicas asseguradas, ficando com tempo para filosofar, como na Grécia Antiga. Uma sociedade onde se possa não trabalhar, mas onde todos tenham uma ocupação, como dizia Agostinho.