Há um partido que governa (PS) como quer e bem entende. Outros há que fingem que mandam (BE e PCP), mas que na realidade andam a reboque do Presidente do Eurogrupo aprovando-lhe todos os orçamentos em troca de umas migalhas; no mínimo embaraçoso para quem faz vida a atacar a união económica e monetária e até as próprias instituições europeias.

Neste momento, Centeno encontra-se a trabalhar para daqui a uns dias poder brilhar: irá apresentar no orçamento uma meta para o défice de 2019 que será apenas de 0,2% do PIB. Mas não há milagres. É que à tão desprezada consolidação de 2011-2015, o governo socialista tem vindo a acrescentar novas doses que totalizarão cinco mil milhões de euros em 2019. Onde estão aqueles que outrora gritavam que havia mais vida para além do défice?

A realidade é que agora podem cativar-se centenas de milhões de euros de despesa (asfixiando os serviços públicos) que não há problema. Agora, pode deixar-se o SNS depauperado e a prestar um mau serviço que não é grave. Agora, podem existir atrasos de quase um ano no pagamento de pensões que está tudo bem.

Agora, o investimento público pode estar em mínimos que não faz mal. Agora, podem arrecadar-se mais três mil milhões de euros em impostos indirectos face a 2015, que é tudo devido à recuperação económica e nada aos aumentos das taxas. Agora, pode voltar-se atrás com as promessas feitas aos professores, pois afinal eles são todos uns malandros que ganham muito. Enfim, palavras para quê?

Se fosse noutros tempos, Passos, Sócrates, Santana, Durão ou Guterres teriam sido “crucificados” por menos. Só que a Costa tudo é permitido, dado que Catarina e Jerónimo se renderam aos seus encantos. E quando, nas próximas legislativas, uma boa parte dos seus eleitores também fizer o mesmo, estou certo que o PS não só agradecerá, como até mandará erguer estátuas no Largo do Rato em memória daqueles dois protagonistas. Tempos modernos.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.