O ano de 2017 ficou marcado por um aumento exponencial no investimento em imobiliário comercial, na ordem dos 2,2 mil milhões de euros, atingindo valores muito próximos dos verificados em 2006, na pré-crise. A atual conjuntura permite-nos antecipar um ano de 2018 igualmente favorável, mas com níveis de crescimento menos acentuados. E são muitos os fatores que justificam estes números e o otimismo, tanto da parte dos investidores nacionais, como estrangeiros.
Após alguns anos de contenção, os portugueses estão mais confiantes e voltam a olhar para o imobiliário como uma opção segura e rentável. Na origem desta mudança está uma maior liquidez financeira, um setor bancário novamente ativo, apesar do volume de crédito atribuído em 2017 ter sido metade do verificado em 2007, e o aumento da oferta imobiliária de qualidade e estrategicamente localizada.
Em 2018, os investidores nacionais vão continuar a adquirir para primeira habitação, preferencialmente nas grandes cidades, mas vão expandir geograficamente na escolha da segunda habitação, para zonas mais trendy, de praia e relativamente perto de um centro urbano.
O segmento premium e luxury vai continuar a liderar a preferência da reabilitação nos centros históricos, apesar de ser cada vez mais difícil encontrar matéria-prima, quer por falta de oferta, quer por preços de partida competitivos. Por isso, vai ser necessário olhar para a cidade como um todo e perceber o potencial das zonas paralelas aos eixos mais nobres, mais acessíveis a um segmento médio, médio-alto, que representam excelentes oportunidades tanto do ponto de vista do promotor, como do comprador, seja para viver, arrendar ou revender.
Por outro lado, os estrangeiros começam a sua descoberta por uma visita e apaixonam-se, desejando voltar em breve e por mais tempo. Estabilidade política e social, clima favorável, boa gastronomia e anfitriões hospitaleiros são algumas das caraterísticas que facilitam a decisão, aliadas a uma conjuntura financeira favorável, como o regime fiscal para os residentes não habituais e a autorização de residência para a atividade de investimento.
Também no caso dos investidores estrangeiros, destaco a compra de habitação para viver, com perspetivas de valorização a curto e médio prazo, ou para arrendar, com rentabilidades brutas atuais entre 4 a 6%, estando acima de outros produtos de investimento.
Em 2018 existe ainda um segmento que vai renascer, o de escritórios, que tem atualmente um saldo negativo de 100 mil m2 de procura. Segundo dados divulgados recentemente pela CBRE, na conferência Tendências do Mercado Imobiliário 2018, esta procura sem resposta deverá permitir uma margem de progressão de 5% nas rendas prime em Lisboa e de 3% no Porto.
Como resposta a esta procura, prevê-se um ciclo muito interessante neste segmento, com a aposta numa nova geração de escritórios, em linha com os restantes mercados internacionais, que se parecem cada vez menos com locais de trabalho. São novos ambientes que privilegiam o bem-estar e a interação, novas formas de trabalho e a flexibilidade, fatores que, aliados, contribuem para a maior produtividade e eficácia.
Por último, mas não menos importante, o investimento imobiliário para comércio, em especial de rua, vai continuar dinâmico, localizado sobretudo em zonas onde a reabilitação tem revitalizado também as ruas, trazendo de volta os habitantes locais e os turistas ao centro das cidades.
Dados da CBRE revelam que, em 2017, abriram 15 novos espaços na Av. da Liberdade, em Lisboa, e seis na Avenida dos Aliados, no Porto. Para comprovar esta tendência, divulgámos recentemente um levantamento do tráfego pedonal das duas maiores avenidas de Lisboa e Porto, que posicionam a Av. da Liberdade como a artéria com maior fluxo pedonal do país, com cerca de 4.000 visitantes por hora, seguida da Avenida dos Aliados, com 3.187 visitantes por hora.
Muitos são os argumentos que sustentam o ciclo de crescimento do mercado imobiliário nacional, em todos os setores. Assistimos a uma natural valorização do m2 e em zonas circunscritas do país, pelo que não é iminente uma bolha imobiliária. O mercado de construção está mais dinâmico e a venda em planta é um bom indicador da elevada procura, para uma oferta ainda insuficiente. Olhando para o passado e analisando o presente, prevejo um 2018 bastante positivo para o setor imobiliário.