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Ténis: Do primeiro jogo entre amigos ao Millenium Estoril Open

No século XIX, o aristocrata Guilherme Pinto Basto promoveu o primeiro desafio da modalidade em Cascais. Nos próximos dias, o concelho volta a receber alguns dos principais jogadores do ténis mundial.
28 Abril 2019, 10h09

Filho de uma família aristocrata e aluno do colégio Downside, em Inglaterra, Guilherme Pinto Basto promove o primeiro desafio da modalidade entre portugueses, em 1882, em Cascais. Os terrenos da antiga Parada da Cidadela terão sido o berço da modalidade. E Guilherme também um vencedor que entrou para a história, tendo-se sagrado campeão português, por nove vezes.

Enquanto dirigente, a sua atividade voltaria a dar frutos, nomeadamente com a fundação de dois clubes – o Club Internacional de Football e o Sporting Club de Cascais. A capacidade organizativa levou-o depois a presidir à primeira direção da Federação Portuguesa de Lawn-Tennis, fundada em 16 de Março de 1925. Desempenhou o cargo até 1934, quando foi substituído pelo diretor do Sporting Club de Cascais, Rodrigo Castro Pereira. Em 1946 foi eleito Presidente Honorário da Federação.

Falecido em 1957, Guilherme já tinha deixado uma herança marcante. Antes disso, em 1945, foi inaugurado o complexo do Estádio Nacional. O interesse nos Campeonatos Nacionais voltou a crescer no início dos anos sessenta, quando o nível qualitativo dos praticantes subiu e o ténis ficou marcado pela rivalidade que permitiu a Alfredo Vaz Pinto e a João Lagos repartirem os títulos disputados entre 1963 e 1972.

Em 1982 a ideia de trazer a Portugal uma grande figura do ténis mundial tornou-se finalmente possível. O mítico Bjorn Borg, retirado do circuito profissional no Outono de 1981, dedicava-se então apenas a encontros de exibição. As suas prestações em Cascais e Póvoa de Varzim, onde actuou ao lado de Vitas Gerulaitis, relançaram o interesse na modalidade.

Na década de 90, voltou a fazer-se história. Nasceria o Estoril Open, que foi subindo progressivamente de cotação no circuito internacional: Emilio Sanchez, Sergi Bruguera, Andrei Medvedev ou Thomas Muster foram alguns dos grandes vencedores. Mais tarde, com o patrocínio do Millennium BCP, o novo Estoril Open sucedeu ao torneio organizado durante 25 anos, no complexo do Jamor, por João Lagos.

Sobre a edição de 2019 do torneio, João Zilhão (diretor do torneio) afirmou: “Este ano tivemos sorte. Conseguimos trazer jogadores que não estava à espera, quiseram jogar nessa semana e daí o quadro estar tão forte. É um ano atípico! Ter quatro jogadores do ‘top-20’ e dois ‘top-10’ não é normal num ATP 250”, afirmou o responsável pelo Millennium Estoril Open, que vai ser disputado entre 27 de abril e 5 de maio.

A quinta edição do torneio vai ter como principais figuras o sul-africano Kevin Anderson, sétimo do ranking, o grego Stefanos Tsitsipas, 10.º, o francês Gael Monfils, 18.º, e o australiano Alex De Minaur, 26.º, além de João Sousa, 41.º, que, em 2018, se tornou o primeiro português a vencer o torneio.

“Fizemos um bom trabalho a convencê-los, mas não se pode esperar que todos anos se vá ter quatro jogadores do ‘top-20’ mundial”, reconheceu Zilhão, na apresentação do torneio, acrescentando ser “importante trazer a nova geração e os futuros campeões”, até porque “não há dinheiro para o Roger Federer, o Rafael Nadal e o Novak Djokovic”.

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