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Tensão em crescendo na fronteira entre a Sérvia e o Kosovo

Três sérvios foram alegadamente espancados por forças militares kosovares, o que levou a Sérvia a colocar o exército de prevenção. A Sérvia acusa o primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti de ser o instigador da violência.
23 Setembro 2021, 18h20

A tensão militar está a crescer em vários pontos da extensa fronteira entre o Kosovo e a Sérvia (que não lhe reconhece a independência decidida em 2008), onde se têm registado escaramuças. Esta quinta-feira, o ministro sérvio da Defesa, Nebojsa Stefanovic, e o chefe do Estado-Maior do Exército sérvio, general Milan Mojsilovic, foram à região de Raska, um dos pontos de tensão, para visitarem as unidades militares para ali destacadas e que, segundo os jornais sérvios, está no primeiro grau de prontidão.

A tensão entre os dois países tem vindo a crescer desde que Albin Kurti venceu as eleições de março passado e se tornou primeiro-ministro. Desde então, Kurti endureceu as suas posições face aos sérvios – que se queixam de que o governo kosovar está a fazer tudo para os expulsar.

O confronto mais recente tem a ver com a proibição decretada pelo governo kosovar de os veículos com matrícula sérvia circularem no seu território. O dirigente da Missão da ONU no Kosovo (UNMIK), Zahir Tanin, teve de intervir esta quinta-feira para pedir às duas partes que insistam no diálogo entre as capitais, Belgrado e Pristina, e que se abstenham de entrar em conflito direto.

A Sérvia acusa o Kosovo de ter instigado o ataque a três cidadãos sérvios na região de Brnjak, com o dirigente do Gabinete sérvio para o Kosovo e Metohija (nome por que a Sérvia nomeia o Kosovo), Petar Petkovic, a afirmar que “testemunhámos o uso brutal e assustador da força por membros das unidades especiais ROSU”. Estas ROSU (Unidade Regional de Apoio Operacional) funcionam na prática como forças militares e policiais e estão sob a alçada do governo kosovar.

”As ROSU espancaram três jovens sérvios perto de Brnjak. Foram atacados e espancados sem motivo, não provocaram ninguém, tornaram-se alvos apenas porque são sérvios” disse Petkovic em comunicado.

O documento diz ainda que “não toleraremos violência física, assédio e ataque ao povo sérvio no Kosovo e Metohija, e todos devem entender isso bem. Para ser bem claro, Albin Kurti é o responsável direto pelo incidente. Como já advertimos repetidamente, ele é um homem pronto para a violência nua e crua para atingir os seus objetivos políticos”.

Para o responsável pelo gabinete sérvio, “agora é mais do que claro que Kurti não está interessado no diálogo ou numa solução para a crise, causado pelo desrespeito ao acordo de Bruxelas, mas está interessado em tentar conquistar o norte de Kosovo e Metohija pela força”.

O ministro da Defesa da Sérvia disse que as unidades do exército sérvio estão em alta prontidão para o combate nas guarnições de Raska e Novi Pazar, na tentativa de enviarem uma mensagem clara para o Kosovo. “O nosso exército não provoca, mas está pronto para proteger o povo caso aconteça alguma coisa que coloque em risco as suas vidas”, disse Nebojsa Stefanovic.

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