Tensão geopolítica abranda construção em 2024, mas prevê crescimento de 5,5% ao ano até 2030

O setor da construção deverá registar um crescimento anual de 5,5% até 2030, isto apesar da desaceleração de 3,1% verificada no ano passado e de 2,3% em 2025, devido a riscos de recessão e tensões comerciais, apesar da descida da inflação e do alívio nas políticas monetárias. A conclusão é do relatório ‘Global Powers of Construction 2024’, da consultora Deloitte divulgado esta quarta-feira.

A consultora projeta este aumento de 5,5% com base na urbanização, envelhecimento da população, digitalização e descarbonização. Fatores que deverão impulsionar investimentos significativos em transportes, energia, telecomunicações e ativos digitais, apoiados pela adoção de tecnologias como o Building Information Modelling (BIM) e soluções de gestão baseadas em inteligência artificial.

“A incerteza geopolítica tem conduzido a uma desaceleração económica generalizada, com impacto significativo no setor da construção, ainda que, mais do que nunca, haja uma necessidade premente por novas construções, quando é esperado que, cada vez mais, as populações se concentrem nas grandes cidades, colocando uma pressão acrescida em infraestruturas e zonas residenciais”, refere Miguel Fontes, partner da Deloitte.

Numa análise global ao setor da construção, o estudo revela que as cem maiores empresas geraram em 2024 vendas totais de 1,978 biliões de dólares, dos quais 51,2% com origem em empresas chinesas, seguidas da Europa (22,0%), Japão (9,1%), Estados Unidos (8,8%) e Coreia do Sul (4,7%).

A Mota-Engil, única empresa portuguesa a figurar no top-100, subindo para o 52º lugar, após ter ocupado no ano anterior a posição 71. A construtora portuguesa atingiu, em 2024, um volume total de vendas de 6.439 milhões de dólares, e uma capitalização bolsista de 925 milhões de dólares.

Com 42 empresas no ranking, a Europa mantém a maior representação regional. As vendas agregadas das construtoras europeias cresceram 6,2%, totalizando 435,9 mil milhões de dólares, embora a sua capitalização de mercado tenha recuado 4,9%, penalizada sobretudo por três grupos franceses (VINCI, Bouygues e Eiffage).