“Só conseguiremos vencer no panorama educativo nacional, europeu e internacional se tivermos dimensão global e formos sustentáveis”. Teresa Damásio, a nova administradora do grupo ENSINUS – Estudos Superiores, SA, assenta a sua estratégia nessa certeza. Sob a sua alçada tem um projeto de ensino vertical composto por 12 instituições, que vão da creche ao superior, passando pelo básico, secundário e ensino profissional com tudo o que nele existe (aprendizagem, vocacionais, EFAs, etc.).
A antiga deputada do PS, membro da atual direção da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo assume uma linha de continuidade com a gestão anterior, mas traz consigo um vento de mudança, ou, como prefere dizer, um conjunto de desafios importantes: “Renovação, identidade corporativa e internacionalização.” O propósito é afirmar o ENSINUS, detido desde 2006 pelo grupo Lusófona, de onde Teresa Damásio chega, como grupo de ensino global e garantir a sua sustentabilidade face ao que se avizinha num futuro próximo – a perda de financiamento do ensino profissional.
“Temos que funcionar numa lógica de grupo”, sublinha ao Jornal Económico, escudando a necessidade de uma entidade corporativa no argumento de que “juntos somos mais fortes”. Estas são, de resto, as palavras que acompanham a nova imagem do grupo actualmente em fase de reorganização. “Estamos a fazer o chamado ‘rebranding? De todas as as nossas escolas com a preocupação de termos uma identidade corporativa”.
Quando foi eleita em julho último, Teresa Damásio imprimiu, desde o primeiro instante, uma liderança com cunho feminino. Constituiu, desde logo, uma equipa de suporte, composta pelos responsáveis das diferentes áreas da organização – comunicação, relações internacionais, jurídica, globalização, financeira, sistemas de informação, contabilidade, compras, entre outras – com a qual se reúne todas as semanas. Cada elemento destes está, por sua vez, ligado a ‘pivots’ nos estabelecimento de ensino do grupo com os quais se reúne também semanalmente.
A equipa, quase totalmente feminina (recorreu à ‘prata da casa’), está próxima no espaço físico da ‘mãe’: o ISG – Instituto Superior de Gestão, a mais velha instituição do grupo ENSINUS, única unidade de ensino superior de cariz universitário e, porventura a mais conhecida das 13. “Chamo-lhe ‘mãe’ porque do ponto de vista da nossa oferta formativa, o projecto termina aqui. Pretendemos que os alunos e as alunas comecem connosco e nos acompanhem ao longo da sua vida formativa… até aqui.”
O ISG deixou a Ameixoeira às portas do verão e instalou-se no edifício que faz gaveto entre o Campo Grande e a Avenida Marechal Craveiro Lopes, em Lisboa. É ai, no último andar, que Teresa Damásio comanda a aplicação da estratégia de internacionalização destinada a afirmar o grupo ENSINUS num contexto de globalização. A linha avançada dessa estratégia de internacionalização é justamente o ISG. “Temos que nos centrar no futuro. Temos que ter mais alunos, portanto temos que recrutar no estrangeiro.”
A Ásia e o Médio Oriente é o target. A procura faz-se a partir da Índia, do Bangladesh, do Paquistão e, mais além da China. Respaldada por organizações internacionais do nível da AIRC – American International Recruitment Council, às quais se associou, Teresa Damásio trabalha no terreno através de agentes.
Ao Jornal Económico enaltece o esforço do pessoal diplomático português nesta parte do mundo para tentar responder à pressão da procura. Tem, neste momento, 100 alunos em processo de visto e conta ter 50 cá até janeiro. Nada comparado com a fasquia que estabeleceu para daqui a dois/três anos: “O objetivo é ter 50% alunos internacionais aqui”.
Num grupo com 13 instituições – além do ISG e de dois estabelecimentos em Moçambique, o ENSINUS integra também o INP, a Escola de Comércio de Lisboa, a Escola de Comércio do Porto, o INETE, o EPET, a INAE , o Colégio de Alfragide e os Externatos Marquês de Pombal e Álvares Cabral -, em que muitas ministram ensino profissional, o financiamento é a grande preocupação. Teresa Damásio admite que o governo não o diz, mas está convencida de que no pós-2020, não haverá financiamento para as escolas profissionais. Daí a meta traçada: “Em 2019/2020 tenho de ter, nas escolas profissionais, 50% de auto-financiamento.”
A sustentabilidade, alerta, “é o único caminho para quem quiser sobreviver”.
Foto de Tiago Caramujo
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