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Têxteis esperam redução das encomendas em 50%

A Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) lançou um inquérito às empresas para aferir sobre o impacto da pandemia. Os resultados são pouco animadores para o setor.
26 Abril 2020, 16h01

Mais de 60% das empresas do setor têxtil antecipa para o final do mês um forte impacto da pandemia nas suas vendas, que deverá ultrapassar os 50%, confirma um inquérito lançado pela Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP). O problema vai manter-se para o mês seguinte: 43% das empresas esperam uma redução na procura superior a 50% e 37% espera uma redução entre 25% e 50%, no que diz respeito ao mês de maio.

A ATP detetou que a produção de equipamentos de proteção individual (EPI’s), que muitas empresas do setor estão a usar como refúgio para conseguirem manter as empresas em funcionamento, é uma alternativa apenas para cerca de 25% das empresas inquiridas.

Mas, segundo o inquérito, existem também dificuldades no abastecimento de matérias-primas: mais de metade das empresas inquiridas identificaram um impacto forte ou muito forte em termos de dificuldade no abastecimento e fornecimento de matérias-primas já para o mês de abril, sendo as origens mais afetadas a Itália, Espanha, Índia e China.

As principais razões apontadas para esta dificuldade têm a ver com o encerramento de fornecedores, mercados fechados, dificuldades aduaneiras, dificuldades de crédito e o aumento do custo das matérias-primas. Os transportes e a logística também têm estado a passar por crescentes dificultar, uma vez que a ATP deteta menos opções, preços inflacionados e atrasos nas entregas.

Quanto às medidas de apoio mais utilizadas pelo universo do inquérito, o lay off surge em destaque: 68% dos inquiridos estão nessa situação de forma total ou parcial. As moratórias de crédito estão a ser utilizadas por 35% dos inquiridos. Cerca de 40% dos inquiridos diz que  estão a considerar recorrer mais às linhas de crédito. Por outro lado, as empresas que se encontram em lay off antecipam que em junho continuarão sob o seu efeito (66%).

As empresas são bastante críticas em relação às medidas anti-pandemia em vigor: burocracia, dificuldades de interpretação, falta de clareza, regulamentação tardia das medidas, falta de flexibilidade nos instrumentos, diferenças entre comunicação governamental e execução pelos organismos responsáveis, morosidade e custo para as empresas, e medidas pouco ambiciosas – que privilegiam o endividamento futuro, o que necessariamente comprometerá a capacidade de crescimento e investimento nos próximos anos.

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