Domingo foi dia de eleições, e foi surpreendente o número de partidos que figuravam no boletim de voto: 17, nada menos. Havia para todos os gostos, e não faltou quem fizesse notar que alguns nem se percebia bem o que defendiam, e com nomes que não lembravam ao diabo – houve até quem chamasse a atenção o PURP, que tinha um nome que parecia um arroto. Pois, mas se esta coisa pareceu terrivelmente inventiva, fique-se a saber que a criatividade nem de perto chegou à de outros tempos e lugares, e que os houve e há (partidos) de gente com mais imaginação que a malta deste cantinho à beira-mar plantado.

Para os que acham original um partido chamar-se Pessoas, Animais e Natureza, que tal o Partido do Rinoceronte, do Canadá? Ressuscitado em 2007, deve o seu nome aos políticos serem como o rinoceronte, “de pele grossa, movimentos lentos e pouco brilhantes, mas rápidos como o demónio quando em perigo”. O seu presidente mudou o nome de Brain Salmi para Satã, e prometiam mudar o nome do país para Nantucket, revogar a Lei da Gravidade, transformar a principal rua de Montreal na maior pista de boliche do Mundo, proibir os Invernos e, claro, não cumprir nenhuma promessa se eleitos. Na Dinamarca foi criado em 1979 o Union of Conscientiously Work-Shy Elements, que em 1994 elegeu um deputado. Prometeu bom tempo, vento de popa nas ciclovias e móveis renaissance nas lojas do IKEA, e conseguiu mais pão para os patos nos parques públicos e nutella nas rações militares. O Partido da Cerveja, na Polónia, conseguiu 16 lugares na câmara baixa do Parlamento. De divisa “a cerveja não é escura nem clara, sabe bem”, dividiu-se em duas fações, a Grande Cerveja e a Cervejinha, e a primeira transformou-se no Programa Económico da Polónia. Ou o Partido Anarquista do Pogo, os “defensores dos parasitas sociais”, criado em 1981 na Alemanha (o Pogo é uma dança punk), de mote “bebidas, bebidas, todos os dias” e que defendia o fim da polícia e pensões para os jovens em vez de para os velhos. Ou o Partido da Miss Grã-Bretanha, cuja divisa era “antes eleger uma miss que um shmuck” e queria “tornar Westminster mais sexy”. Ou o Partido Húngaro do Cão de Duas Caudas, que defendia “a paz no Mundo e cerveja para todos”. Candidataram-se em 2010 prometendo dois pôr-do-Sol por dia e a construção de um aeroporto espacial. E teria grande futuro entre nós o Partido das Rendas Demasiado Elevadas, criado em Nova Iorque para protestar contra vocês-sabem-o-quê e cujo candidato teve 40 mil votos na corrida para Governador.

Eu, por aqui, criava o Partido dos Poucochinhos, de moto “tudo o que vem à rede é peixe, menos o marisco” e slogan político “Ela gosta”. Quem seria convidado para presidente do partido?