Há uns dias falava com familiares, da área da Comunicação, da Gestão e das Pessoas, sobre o trabalho remoto que tem caracterizado muitas das empresas nacionais nos últimos meses. Partilhámos experiências e, acima de tudo, expectativas relativamente ao futuro desta forma de trabalhar e do seu sucesso por cá.

Apesar de, por vezes, haver algum ceticismo, mesmo que inconsciente, associado ao trabalho remoto, o balanço é o melhor: no geral, e após a realização de questionários internos para se tomar o pulso aos colaboradores, comparando o trabalho no escritório com o trabalho remoto, os feedbacks têm sido muito positivos. No geral, as pessoas estão satisfeitas por trabalharem a partir de casa (ou de outro local que escolham, desde que estejam reunidas as condições). E nem os meses em que os colaboradores com filhos em idade escolar tiveram de desempenhar o papel de professores auxiliares (ou principais!) alteraram esse sentimento.

Entre os aspetos mais positivos estão a melhoria do equilíbrio trabalho/família, a escolha de horários que mais agradam – nos casos em que é possível; maior eficiência na gestão do tempo – a começar com a eliminação das horas perdidas no trânsito para e do trabalho.

Ainda sobre os feedbacks, quando confrontado o sentimento dos colaboradores com os resultados do seu trabalho – e aqui poderíamos assistir a algum desvio – a verdade é que a eficiência está lá, com entrega de resultados. Numa análise simplista, poderia dizer que os colaboradores estão agora mais felizes e eficientes em relação àquilo que fazem, o que é ótimo para todos!

E é pelas características e resultados que enumerei (na minha empresa e noutras que tenho acompanhado) que se confirma uma das dimensões presentes no título deste artigo: a eficiência.

Analisada uma das dimensões, resta a confiança que, não por acaso, foi colocada em primeiro lugar no título. E aqui regresso à conversa de que falava no início. Um dos pontos que abordámos referia-se à mudança positiva que o trabalho remoto trouxe à vida das empresas nacionais e se esta mudança veio para ficar ou se será algo apenas temporário até que o “bicho” passe. Admito que haja ainda dúvidas.

É aqui que entra a confiança. Trabalho remoto é, antes de mais, um ato de confiança entre a empresa e os seus colaboradores, onde não entra a micro gestão. Refiro-me àqueles gestores, diretores ou colaboradores com diferentes cargos de chefia que tentam, de alguma ou de todas as formas, controlar o dia a dia dos seus colaboradores, apesar de, no final da semana, estes entregarem resultados que estão alinhados ou até acima dos objetivos.

A tal conversa levou-nos para um outro aspeto: quantas gerações demorará esta evolução a ocorrer? A resposta é, obviamente, subjetiva, mas a minha expectativa é que possa ocorrer mais cedo do que se pensa. Temos visto pessoas, de diferentes gerações, a aderir e adaptar-se bem e de forma rápida ao trabalho remoto. Vai, certamente, exigir de todos nós algumas adaptações, mas provavelmente vai acontecer um pouco como a chegada da Coca-Cola ao nosso país nas palavras de Fernando Pessoa: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.

Aderir ao trabalho remoto, mas continuar a usar práticas que não se adequam, como reuniões diárias ininterruptas para “picar o ponto”, relatórios sucessivos para “fazer prova” ou formações infindáveis “só para encher” é como aquele vídeo que mostra um homem que comprou um Tesla e ficou sem bateria e então, em completo desespero e completamente desorientado, tenta abastecê-lo com gasolina. Simplesmente não funciona.