[weglot_switcher]

Tráfego aéreo em Portugal recuou mais de 20 anos e registou quebra de 58% face a 2019

O valor de 2020 representa assim uma quebra de 58% no tráfego de 2019 para 2020, menos de cerca de 470 mil voos em comparação com o registado no ano anterior. Um recuo de praticamente 22 anos em termos de total de aeronaves no espaço aéreo sob responsabilidade de Portugal.
18 Janeiro 2021, 14h14

O tráfego aéreo em Portugal no ano passado recuou mais de vinte anos, para os níveis registados em 1998, de acordo com os dados preliminares recolhidos pela NAV – Navegação Aérea de Portugal no ano passado

Entre janeiro e dezembro, a NAV controlou 345 mil voos no espaço aéreo português, “o pior registo desde 1998”, o que leva o presidente da empresa pública, Manuel Teixeira Rolo, a dizer que “vivemos uma crise sem precedentes, mas com os olhos postos no futuro”.

“A NAV Portugal geriu 345,3 mil voos (…) em 2020, ano negativamente marcado pelos impactos da pandemia de Covid-19 que se fizeram sentir com particular força na aviação civil. O total de movimentos controlados pela NAV no ano passado representa o pior registo desde 1998, ano em que o controlo de tráfego aéreo geriu 357 mil voos nas regiões de informação de voo sob a responsabilidade da NAV Portugal. De 1998 para cá, o total de movimentos controlados pela NAV manteve-se em crescimento praticamente constante até ao máximo registado em 2019, quando a NAV controlou 816 mil voos (…)”, assinala um comunicado da NAV Portugal.

O mesmo documento adianta que “o valor de 2020 representa assim uma quebra de 58% no tráfego de 2019 para 2020 e um recuo de praticamente 22 anos em termos de total de aeronaves no espaço aéreo sob responsabilidade de Portugal”.

Em termos absolutos, verificou-se uma quebra de mais de 470 mil voos em comparação com o registado no ano anterior.

“Em termos gerais, note-se que o tráfego em toda a rede Eurocontrol caiu 55% ao longo do ano passado.
Depois de os dois primeiros meses de 2020 terem decorrido em condições ‘normais’, com a NAV a registar os mesmos 119 mil movimentos registados em janeiro e fevereiro de 2019, em março a OMS [Organização Mundial de Saúde] declarou a Covid-19 como uma pandemia, e diversas ligações aéreas começaram a ser suspensas e a procura a cair”, recorda a NAV Portugal.

Recorde-se que o Eurocontrol abrange a Bélgica, Irlanda, Hungria, Suécia, Mónaco, Albânia, Lituânia, Marrocos, França, Portugal, Suíça, República Checa, Eslováquia, Bósnia, Montenegro, Alemanha, Grécia, Áustria, Itália, Espanha, Polónia, Letónia, Luxemburgo, Malta, Dinamarca, Roménia, Macedónia do Norte, Ucrânia, Geórgia, Holanda, Turquia, Noruega, Bulgária, Moldávia, Sérvia, Estónia, Reino Unido, Chipre, Eslovénia, Croácia, Finlândia, Arménia e Israel.

O comunicado em questão explica que “os efeitos no tráfego foram imediatos, com os voos geridos pela NAV a cair para -94% em abril, -92% em maio e -88% em junho, em comparação com os mesmos meses de 2019”.

“Ao longo do Verão, o tráfego registou ligeiras melhorias, ‘estabilizando’ em níveis equivalentes a -55% em relação ao mesmo período de 2019, mas os últimos meses do ano ficaram marcados por nova deterioração, tendência que se mantém nestes primeiros dias de 2021”, revela a NAV Portugal.

Perante este cenário, Manuel Teixeira Rolo considera que este é “um dos maiores desafios que a NAV alguma vez enfrentou”.

“Foi uma situação que apanhou todos desprevenidos. Nunca ninguém julgou ser possível que a aviação chegasse à quase total imobilidade. Adaptar a operação às condicionantes da pandemia e, em simultâneo, às exigências inadiáveis de transporte de material médico, voos de emergência e centenas de voos de repatriamento para vários países europeus, foi um dos maiores desafios que a NAV alguma vez enfrentou. É motivo de orgulho para todas as nossas equipas termos sido capazes de manter os céus abertos 24 horas por dia, 365 dias por ano, mesmo face a estas duríssimas adversidades”, salienta o presidente da NAV.

Para o presidente da empresa, “no dia em que assinalamos o 22º aniversário da NAV Portugal, é com um misto de tristeza e orgulho que encaramos este ano que passou”.

“Por um lado, a crise pandémica e todos os custos e impactos que a mesma trouxe para milhares e milhares de famílias, deixaram em todos nós um sentimento de profunda tristeza e preocupação. Por outro lado, é com orgulho que olhamos para trás e constatamos a forma ágil, rápida, resiliente e profissional com que a NAV lidou com uma situação totalmente inesperada e jamais vista no nosso tempo de vida”, defende o presidente da NAV.

Para Manuel Teixeira Rolo, “apesar de mesmo as previsões mais pessimistas terem sido dizimadas pela evolução do cenário pandémico, com quedas mais avultadas ao longo do ano que o inicialmente previsto estimamos que este ano seja de alguma estabilidade”.

As expetativas do presidente da NAV Portugal assentam nas estimativas do Eurocontrol , segundo as quais o tráfego total em 2021 deverá situar-se “bastante aquém dos valores pré-pandemia, ainda que se espere que o próximo Verão traga uma recuperação mais acelerada do total de voos”.

“Já o regresso a valores próximos do total de voos registado em 2019 só deverá ocorrer em 2024, prevê o Eurocontrol. Assim, e apesar da crise sem precedentes que a aviação e as economias enfrentam por esta altura, a preparação do futuro a curto, médio e longo-prazo encontra-se já entre as prioridades da NAV para este e para os próximos anos. Além da preparação para a entrada em funcionamento de um novo sistema de gestão de tráfego, também as obras para a nova sala de operações prosseguem, num claro sinal de que a NAV Portugal está comprometida na melhoria contínua da sua operação e preparada para o período pós-pandemia”, assegura o referido comunicado.

O total de voos geridos pela NAV, ou ‘movimentos’, inclui não apenas os voos com origem/destino em aeroportos portugueses, mas também aqueles que sobrevoam o espaço aéreo sob responsabilidade portuguesa.

A NAV Portugal gere a RIV – Região de Informação de Voo de Lisboa, com 671 mil quilómetros quadrados, e que abarca Portugal Continental e o arquipélago da Madeira (RIV 1); e a RIV – Região de Informação de Voo de Santa Maria (RIV 2), com 5,18 milhões de quilómetros quadrados, e que inclui uma vasta área do Oceano Atlântico Norte e o arquipélago dos Açores.

A NAV Portugal é o prestador de serviços de navegação aérea no espaço aéreo sob responsabilidade de Portugal, que está dividido nas duas RIV referidas.

A empresa conta com “uma equipa de cerca de mil técnicos altamente qualificados que asseguram a segurança de passageiros e aviões 24 horas por dia, 365 dias por ano”.

Além dos centros de controlo de tráfego aéreo de Lisboa e Santa Maria, a NAV gere as torres de controlo de Lisboa, Porto, Faro, Funchal, Porto Santo, Santa Maria, Ponta Delgada, Horta, Flores e Cascais.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.