A economia digital tem desencadeado as mais diversas alterações no nosso quotidiano, como a generalidade dos portugueses hoje pode constatar. Modificou os padrões de produção, consumo e utilização dos mais variados bens e serviços, forçando as atividades económicas em geral a reconverter-se. Desde a automação fabril, com avanços significativos na robotização, às apps que proporcionam os mais diversificados tipos de serviços através de smartphones, dir-se-ia que o mundo real está cada vez mais impregnado de um mundo digital!
Mas estas alterações são muito mais profundas do que aparentam. Os próprios modelos de negócio têm vindo a registar mudanças radicais devido à revolução digital em curso. E não estamos a falar num futuro moderadamente distante: esta é uma realidade que já se tornou presente. Entrámos numa verdadeira era da Economia Digital, diferente de tudo quanto ficou para trás.
A quem ainda possa ter dúvidas, recomenda-se uma consulta às mais recentes previsões da Forrester Research: segundo esta multinacional especializada em estudos de mercado que analisa regularmente o impacto potencial da tecnologia nas organizações empresariais à escala global, em 2020, cerca de metade das receitas das organizações será gerada pelo digital.
A contagem decrescente para este admirável mundo novo prossegue em ritmo acelerado: 2020, em termos históricos, é já amanhã. Mas, alguns decisores persistem ainda em ignorar estes sinais, como se pudessem manter-se à margem deste choque do futuro tornado inevitável pelas profundas mutações tecnológicas que redefinem o perfil das empresas, dos setores e reconfiguram a própria paisagem social.
De acordo com um estudo divulgado pela International Data Corporation (IDC), líder mundial na consultoria e organização de eventos para os mercados das tecnologias de informação, hoje apenas 22% das organizações estão ativamente empenhadas na Transformação Digital (TD), mas esta percentagem segue em progressão acelerada: prevê-se que nos próximos três anos alcance o nível de 50% à escala global.
Outros dados que justificam atenção foram recentemente difundidos pelo MIT Center for Digital Business: estima-se que as empresas ao assumirem a TD serão, em média, cerca de 26% mais rentáveis do que as suas principais concorrentes que permaneçam à margem desta aposta.
Eis-nos, portanto, face a um enorme desafio lançado ao mundo empresarial, com inevitáveis reflexos na sociedade, como o comprovam as chamadas ´nativas digitais´ tais como a Uber ou a Airbnb, concebidas e impulsionadas em exclusivo no universo digital.
Olhando para a realidade nacional, estamos perante um repto acrescido à Confederação dos Serviços de Portugal, que não pode ficar à margem desta evolução. A TD tornou-se efetivamente num marco do desenvolvimento das organizações modernas. Atrevemo-nos inclusivamente a afirmar que é já uma condição essencial para a sua própria sobrevivência.