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Transvase do Alqueva para barragem de Santa Clara custa entre 19 e 42 milhões de euros

Estudo encomendado pela Lusomorango revela que a interligação do Alqueva para barragem de Santa Clara, via Monte da Rocha, é não só “técnica” como “economicamente viável”. Investimento requer entre 19 milhões de euros e 42 milhões, dependendo dos cenários.
25 Julho 2024, 07h30

A construção de um transvase que permita trazer água de Alqueva para a barragem de Santa Clara, via Monte da Rocha, poderá custar entre 19 milhões de euros e 42 milhões, dependendo da solução adotada, conclui um estudo realizado para a Lusomorango por Jorge Froes, engenheiro agrónomo e especialista em hidráulica.

“A solução óbvia passa pelo recurso ao Sistema do Alqueva, que já abastece os perímetros de rega confinantes, nomeadamente o do Alto Sado, cuja barragem do Monte da Rocha, que irá receber brevemente água do Alqueva, se situa a cerca de 18 km da albufeira da barragem de Santa Clara”. Segundo o estudo, é “técnica e economicamente viável” a transferência de caudais entre elas, “desde que o sistema já existente associado à barragem do Monte da Rocha o permita”.

A interligação será uma nova fonte de água fundamental à atividade agrícola no Sudoeste Alentejano e será tanto mais capaz quanto mais eficiente for a modernização do sistema de água do perímetro de rega do Mira.

Intitulado “Interligação Alqueva – Mira: Reforço do abastecimento do Perímetros de Rega do Mira com base em caudais derivados do sistema do Alqueva”, o estudo foi apresentado em São Teotónio, concelho de Odemira, no Colóquio Hortofrutícola, promovido pela Lusomorango – Organização de Produtores de Pequenos Frutos, em parceria com a Universidade Católica.

Contempla duas soluções. A primeira equaciona a transferência de 23 hm3/ano, para a rega de 8.650 ha e custa 19 milhões de euros, o que se traduz num custo unitário, incluindo investimento, manutenção e energia, de 0,061 euros/m3 transferido. Por sua vez, a segunda considera a transferência de 32 hm3/ano para a rega de 12 mil ha e terá um custo total de 42 milhões de euros, traduzindo-se no valor unitário de 0,071 euros/m3 de água transferido.

Segundo o estudo, apesar de ter capacidade de elevação e transporte, suficientes, o Alqueva encontra-se “no limite da sua capacidade de fornecimento de água” de 620 hm3/ano garantidos pela respetiva concessão, pelo que a questão “deverá ser devidamente ponderada, numa lógica integrada de fornecimento de água a todos os Perímetros confinantes do Alqueva” que a EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva já fornece.

E uma vez que o Perímetro de Rega do Mira não tem qualquer alternativa “de fornecimento economicamente aceitável”, este “deverá passar, sempre que necessário, pelo rateio da água disponível”, adianta o estudo, salientando que a EDIA já prevê esta solução no seu Plano de Contingência de Situações de Seca 2023.

O estudo da Lusomorango tem por base o cenário de escassez de água na região e a necessidade de procurar outras origens, que cubram “o défice atual e futuro”. Em conjunto, os consumos hídricos na rega e outros usos, urbanos, industriais, turísticos, e perdas do sistema, rondam os 50 hm3/ano, dos quais apenas metade são cobertos pelas afluências. O restante provém das águas “históricas” existentes na capacidade morta da albufeira de Santa Clara, que “poderão durar só mais 5 ou seis anos”.

Segundo o estudo, a Reabilitação e Modernização do Sistema de Rega previsto para os próximos anos, permitirá, “reduzir acentuadamente as elevadas perdas do sistema, e a otimização da eficiência dos sistemas de rega à parcela”, mas não será suficiente para “cobrir os volumes em falta a médio prazo”, sobretudo num cenário de seca que, segundo todos os modelos conhecidos, se vai prolongar devido às alterações climáticas.

O estudo “Interligação Alqueva – Mira: Reforço do abastecimento do Perímetros de Rega do Mira com base em caudais derivados do sistema do Alqueva” foi apresentado no sexto colóquio hortofrutícola, iniciativa da Lusomorango em parceria com a Católica e que tem  o JE como media partner. No fórum, empresas e autarquia defenderam novas fontes de água para Odemira

Responsáveis vários afirmaram em S. Teotónio que não há uma solução única e perfeita para a falta de água em Odemira, existem várias soluções. O secretário de Estado da Agricultura, João Moura, considerou que: “Sem água, não há agricultura e o país sem agricultura é garantidamente mais fraco” e o professor Ricardo Reis, da Universidade Católica, afirmou que a política de imigração não se resolve em S. Teotónio.

Um estudo intitulado “Água do Atlântico para o Sudoeste Alentejano” explora a implementação de uma dessalinizadora como uma das soluções para resolver o problema da escassez de água que tende a agravar-se com as alterações climáticas.

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