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Tributo a Afonso Cautela: poesia reunida Lama e Alvorada lançada na Casa da Imprensa

O volume II de “Lama e Alvorada – Poesia Reunida 1953-2015” de Afonso Cautela é lançado esta quinta-feira, 15 de maio, às 18 horas, na Casa da Imprensa, em Lisboa. José Carlos Costa Marques, que organizou os dois volumes, apresenta a obra na presença da filha do poeta, Cristina Cautela.
15 Maio 2024, 14h05

«Não, não estou doente/não preciso de escolta/os rins funcionam felizmente/ou por morrer também se paga multa?

Não preciso de nada/estou em ordem/despeçam-se de mim à bofetada/e passem muito bem.

Deixem-me dormir que tenho fome/e sede e sono/o meu corpo bebe e come/dor e abandono.

Já tenho fato/metam-me na caixa. Não esqueçam de pôr luto/e nos sapatos graxa.»

Escrito em 13 de Maio de 1956, conforme registado pelo autor, o poema Ponto Final, que aqui reproduzimos, integra a obra Espaço Mortal, dada à estampa em 1960, um dos três livros de poemas publicados por Afonso Cautela. O segundo foi O Nariz, no ano seguinte e muitos anos depois, em 2011, Campa Rasa e Outros Poemas.

Ponto Final pode ser lido agora também no volume II de “Lama e Alvorada – Poesia Reunida 1953-2015” de Afonso Cautela, um tributo ao poeta, iniciado ainda em vida. A obra organizada por José Carlos Costa Marques, tem chancela das Edições Afrontamento. O primeiro volume chegou às livrarias em 2017, o segundo é lançada este 15 de maio, quarta-feira, pelas 18h00, na Casa da Imprensa, em Lisboa, numa sessão em que participa a filha do poeta, Cristina Cautela.

José Carlos Costa Marques fará a apresenta da obra que será comentada por António Cândido Franco. Pedro Teixeira da Mota fará a evocação do ecologista que foi Afonso Cautela e José Luiz Fernandes falará do jornalista, que foi também sócio da Casa da Imprensa à qual legou parte do seu espólio.

Afonso Cautela nasceu em Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja, em 1933 e faleceu em Lisboa, em 29 de Junho de 2018. Foi jornalista, ensaísta, poeta e ativista cívico. Fundador do Movimento Ecológico Português, foi pioneiro em Portugal nas preocupações com o meio ambiente e os problemas do consumismo. Da obra ensaística, numerosa, sobretudo nesse domínio, referimos  três títulos: Ecologia e Luta de Classes, Depois do Petróleo, o Dilúvio e Contributo à Revolução Ecológica.

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