Aliás, as últimas três explosões decorrentes de testes nucleares por aquele autorizadas tiveram a dimensão de Hiroshima.
A guerra está declarada, com o envio do porta-aviões americano Carl Vinson, o que deixa o líder norte-coreano, cada vez mais, à beira de um ataque de nervos. A China já rogou contenção a Trump, mas é tarde para voltar atrás e prevenir as piores consequências. Desde Kim Il-sung que a então União Soviética começou a treinar cientistas norte-coreanos no conhecimento básico da energia nuclear e, agora, podemos estar a quatro anos do seu neto colocar uma arma nuclear num míssil balístico e arrasar Nova Iorque.

Nos últimos 20 anos, houve avanços e recuos nas relações entre os dois países. Clinton fecharia acordo com a Coreia do Norte, em 1994, em troca de petróleo e reatores pacíficos, acordo que viria a cair com George W. Bush. Já Obama resistiria à tentação dos excessos e passaria à “paciência estratégica”. A Trump não resta alternativa senão pressionar a Coreia, militar e economicamente, congelando-lhe os testes, reduzindo-lhe o arsenal e, retardando assim, as suas aspirações de domínio nuclear sobre o país que a tem isolado ao longo de décadas.

O esforço da Coreia do Norte, aliás, tem-se traduzido em combinar duas tecnologias: ter um míssil capaz de atravessar o Pacífico e juntá-lo a uma ogiva que consiga sobreviver à viagem. Trump não carece, no entanto, da aprovação do Senado para agir militarmente contra a Coreia e irá, com certeza fazê-lo.

Ao contrário do seu antecessor, para si, a estratégia nacional de segurança inteligente depende, apenas, do poder militar, o que os romanos chamavam de “paz através da força”, e a profusão de ativos militares de alto custo, como porta-aviões e armas nucleares, são fins em si mesmos. Nesta visão, não interessa desenvolver estratégias para as complexas batalhas de informação e de cibernética, cada vez mais sofisticadas no futuro, porquanto a força, ela própria, entende-se que prevalecerá sobre elas. Aliás, para financiamento da sua expansão militar, Trump desviou biliões de dólares do departamento de Estado e de programas de ajuda externa.

A aposta de Obama na diplomacia política tem sido descredibilizada pelo atual Governo que se prepara incomumente para um conflito entre potências que o mundo tem evitado nos últimos setenta anos. Cumpre, agora, aos generais em quem Trump tanto confia, tentar convencê-lo de que a guerra é consequência de conflitos políticos que cada vez menos se resolvem pela força, mas será com certeza tarefa inglória, porque o seu nacionalismo exacerbado falará sempre mais alto.