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Turistas gastam mais que os residentes e puxam pela economia portuguesa

As despesas efetuadas em Portugal por turistas impulsionaram o consumo privado no primeiro semestre do ano. O valor acrescentado bruto gerado pelo turismo poderá representar já 9% da economia portuguesa.
Cristina Bernardo
3 Setembro 2018, 07h02

O consumo privado foi um dos motores do crescimento económico português, no primeiro semestre de 2018. Dentro deste segmento, as despesas dos turistas crescem a um ritmo mais forte que as dos residentes e o setor do turismo poderá pesar já cerca de 9% do produto interno bruto nacional (PIB português).

O PIB de Portugal expandiu 2,3%, em termos homólogos, no segundo trimestre do ano, de acordo com dados publicados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). “O contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB aumentou para 2,9 pontos percentuais (2,6 p.p. no trimestre anterior), em resultado da aceleração do consumo privado”, explicou o gabinete.

O consumo privado de residentes acelerou em volume, passando para um crescimento homólogo de 2,6%, face aos 2,1%, registados no primeiro trimestre. O INE sublinha, no entanto, que “o consumo privado na ótica do território continuou a registar crescimentos mais intensos (3,4%) que o consumo de residentes, em resultado do comportamento das despesas efetuadas em Portugal por não residentes (turistas)”.

Luís Tavares Bravo, economista da DIF Capital, explicou ao Jornal Económico que desde 2012 que o número de visitantes em Portugal aumentou quase 50%, tendo superado os 20 milhões de visitantes em 2017.

“Apesar de ser esperado um abrandamento este ano, a mudança disruptiva parece ter chegado para ficar. O setor é hoje mais rentável e sustentável, e isso é visível, por exemplo, nas receitas por quarto nos hotéis, que, atualmente, é cerca de 50 euros por quarto, praticamente o dobro (28 euros) que em 2012”, refere, acrescentando que o peso do setor do turismo na economia portuguesa deverá chegar a cerca de 9% do PIB português.

Caso se concretizem as projeções de Tavares Bravo, representa um aumento do peso do setor na economia, que sobe desde 2014. Os últimos dados disponibilizados pelo INE, relativos a 2016, indicam que o turismo gerou cerca de 11,5 mil milhões de euros em valor acrescentado bruto, ou seja, mais de 7% do agregado da economia nesse ano. Já o consumo dos turistas ascendeu a 23 mil milhões de euros.

O economista alerta, no entanto, que potenciais desequilíbrios na economia portuguesa. “O setor do turismo em Portugal tem vindo a crescer cerca de 10% ao ano, mas a economia nacional mantém-se apenas acima da água – em 2018 deverá crescer 2,2%, 1,9% em 2019, e 1,7% em 2020, valores que são dos mais modestos dentro da zona euro, e que não permitem reduzir a convergência atual com os nossos parceiros”, afirmou.

“É importante por isso que se recupere (e não é apenas em Portugal), um ímpeto por crescimento nos setores tradicionais, como a Indústria e Inovação, que equilibre o perfil económico do país – e algumas instituições como o Fundo Monetário Internacional já providenciaram alguns avisos”, acrescentou Luís Tavares Bravo, num ensaio publicado esta sexta-feira, na edição impressa do Jornal Económico.

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