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UAU alerta para impacto “do possível encerramento” do Auditório dos Oceanos a 31 de dezembro

A UAU, produtora de espetáculos, alerta para o impacto do possível encerramento do Auditório dos Oceanos a 31 de dezembro caso seja aprovada uma nova concessão para exploração do Casino Lisboa.
21 Outubro 2022, 17h20

A UAU, produtora de espetáculos, alertou em comunicado a para o impacto do possível encerramento do Auditório dos Oceanos a 31 de dezembro caso seja aprovada uma nova concessão para exploração do Casino Lisboa.

“Em causa está o cancelamento de quatro projetos de teatro, num total de 80 sessões, correspondentes aos seis meses de 2023 já programados e o despedimento de 18 funcionários, bem como a perda de um espaço cultural emblemático para a cidade de Lisboa”, avança a produtora de espetáculos responsável pela programação do Auditório dos Oceanos e Arena Lounge.

A UAU diz mesmo que poderá estar em causa “o cancelamento de dezenas de espetáculos já agendados para 2023 e o despedimento de 18 trabalhadores numa altura tão desafiante para o setor da cultura na sequência da profunda crise provocada pela pandemia”.

“Por outro lado, a redução da oferta cultural em Lisboa é também bastante preocupante”, avança.

Em comunicado, a UAU diz também estar preocupada com o possível encerramento do Casino Lisboa a 31 de dezembro, na sequência do concurso público em curso para a nova concessão. Uma das propostas prevê a reabertura do Casino Lisboa para o último trimestre de 2025, numa nova localização, o que implica o encerramento deste espaço durante três anos.

O anúncio do concurso público internacional para as concessões do Casino Estoril, Casino Lisboa e Casino Figueira da Foz foi publicado em Diário da República em agosto e prevê uma duração contratual de 15 anos, renovável por mais cinco anos. No início deste mês, a empresa Estoril-Sol SGPS comunicou à CMVM a existência de duas propostas para a concessão dos Casinos de Lisboa e Estoril.

“Para além do prejuízo financeiro e impacto na empregabilidade dos trabalhadores do Casino Lisboa, estamos em contraciclo com o período de recuperação do sector da cultura após dois anos com muitas restrições e quebras devido à pandemia”, alerta Paulo Dias, Diretor-Geral da UAU. “Estamos muito preocupados pois estamos sem futuro, nós e todos os artistas com quem trabalhamos”.

A preocupação de Paulo Dias “estende-se também aos mais de 500 trabalhadores que o Casino Lisboa e Casino Estoril empregam, com os quais estamos a trabalhar há muitos anos neste projeto”.

Para além da sala de espetáculos Auditório dos Oceanos, a UAU é ainda responsável pela programação do Arena Lounge, um espaço com entrada gratuita que dá palco a novos talentos e também a grandes nomes da música portuguesa.

“O encerramento de ambos os espaços representam um elevado prejuízo para a UAU e uma perda significativa não só para a cidade de Lisboa, mas também para todos os portugueses”, frisa a produtora.

A proposta da empresa Bidluck propõe alterar a localização do atual Casino Lisboa e contruir um novo edifício que estará em funcionamento no último trimestre de 2025. “A concretizar-se, Lisboa ficará sem casino e sem mais um espaço cultural durante os próximos três anos, uma vez que a atual concessão do Estoril-Sol SGPS termina a 31 de dezembro de 2022. Nesse mesmo projeto, a futura sala de espetáculos do novo casino contará com 300 lugares, menos de metade do que a capacidade do atual Auditório dos Oceanos. Os projetos a concurso estão em análise, conforme anunciado pelo Ministério da Economia e do Mar”, revela a UAU em comunicado.

“Este mês, o Casino Lisboa inaugurou o ciclo de concertos “Arena Live 2022” que oferece aos portugueses uma série de cinco concertos com entrada gratuita. Atualmente em cena no Auditório dos Oceanos está a peça ‘Trair e Coçar é só começar’ que já esgotou duas datas de espetáculos e promoveu ensaios solidários que reuniram 10 mil euros que reverteram para a Casa do Artista e a Associação Vila com Vida”, refere a UAU.

O Auditório dos Oceanos, que já recebeu mais de um milhão e meio de espectadores, tornou-se uma sala de referência para o teatro português desde “Conversa da Treta” com José Pedro Gomes e António Feio, passando pelo espetáculo “Zé Manuel Taxista”, “A peça que Deu para o Torto”, mas não só.

“Em termos internacionais também se assinalam marcos como a passagem de Crazy Horse – o musical, STOMP, Stacey Kent e Ney Matagrosso”, segundo a produtora.

“Já no Arena Lounge destacam-se os 12 concertos anuais com grandes nomes da música portuguesa e com entrada livre.  Ao longo dos anos contabilizam-se 180 grandes concertos desde Xutos e Pontapés a José Cid, ainda mais de 2652 pequenos concertos/ tributos, 2540 dias com DJ e 884 animações circenses”, destaca a UAU.

“Os números falam por si. Este é um espaço importante para a cidade de Lisboa pois recebe espetáculos e artistas de renome e tem impulsionado o crescimento de muitos outros artistas, mais de 16.608 músicos/ artistas para ser preciso. Outro fator que torna o Casino Lisboa tão importante é que promove a cultura inclusiva, democratizando o acesso à cultura, nomeadamente através da gratuitidade de concertos/atuações no Arena Lounge”, destaca Paulo Dias.

 

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