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Uber aposta na eletrificação de 50% das viagens até 2025

A partir desta terça-feira, a Uber aposta na expansão mundial do Uber Green, serviço lançado primeiramente em Portugal há quatro anos e que agora torna-se pilar da estratégia de mobilidade sustentável da empresa. Ao todo serão 60 as cidades que no final de 2021 terão o serviço ‘Green’, o que representará 80% do negócio europeu da gigante da mobilidade.
8 Setembro 2020, 16h30

Depois de ter anunciado que só passaria a aceitar o registo de novos motoristas caso tivessem um automóvel elétrico, em julho, em Portugal, a Uber anunciou esta terça-feira que vai apostar na eletrificação da sua frota em todo o mundo. A multinacional norte-americana quer a eletrificação de 50% das viagens da sua plataforma até 2025 nas principais cidades onde opera – Lisboa incluída -, e tem o objetivo de em 2040 100% das viagens asseguradas pela Uber em todo o mundo sejam em “veículos zero emissões”.

O primeiro passo destas metas de sustentabilidade da multinacional foram dados em Portugal, uma vez foi em Lisboa, em 2016, que a primeira cidade em que a empresa de transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados a partir de plataforma eletrónica (TVDE) lançou um serviço de viagens em automóveis elétricos. Agora, a Uber vai lançar o serviço Uber Green (viagens em automóveis elétricos) à escala mundial, de acordo com o comunicado enviado à redação.

Assim, a empresa vai apostar ainda mais na expansão do Uber Green e lançar o serviço em mais 13 cidades europeias até ao final de 2021. Atualmente, o Uber Green está disponível em 37 cidades europeias. A aposta na eletrificação da frota de automóveis ao serviço da Uber centra-se, para já, no mercado europeu, uma vez que para a empresa é o ‘Velho Continente’ que lidera “o caminho da eletrificação da indústria de ride-sharing”. Ao todo serão 60 as cidades que no final de 2021 terão o serviço ‘Green’ da Uber, o que representará 80% do negócio europeu da gigante da mobilidade.

Com a aposta na eletrificação da frota da Uber noutras cidades, a empresa pretende, primeiramente, que 50% do total de quilómetros percorridos em Lisboa, Amsterdão (Holanda), Berlim (Alemanha), Bruxelas (Bélgica), Londres (Inglaterra), Madrid (Espanha) e Paris (França) sejam realizados em veículos elétricos até 2025.

Depois, seguir-se-á uma estratégia de eletrificação contínua dos automóveis da plataforma da Uber, ao longo de vinte anos. O objetivo é que em 2040 a Uber se afirme como uma plataforma de mobilidade com zero emissões, com 100% das viagens a serem realizadas através de “veículos zero emissões, transportes públicos e de micromobilidade”.

Portugal parte em vantagem nesta estratégia, contando hoje com mais de 7 milhões de viagens em veículos 100% eléctricos a partir da plataforma da Uber, o que a empresa diz representar uma poupança de nove mil toneladas de emissões de dióxido de carbono – o equivalente a cerca de 37 mil viagens de avião entre Lisboa e Nova Iorque.

O diretor-geral da Uber em Portugal, Manuel Pina, galvaniza a importância do mercado português para a Uber, naquilo que é a mobilidade sustentável. E considera que a aposta da empresa na mobilidade sustentável é o contributo da Uber “na recuperação económica sustentável”. “Por isso, hoje assumimos uma série de compromissos para ajudar a promover a eletrificação da nossa plataforma em toda a Europa”, afirmou, citado no comunicado da empresa.

A estratégia da Uber tem o seu relevo e isso é reconhecido pelos ambientalistas. Em Portugal, a associação ambientalista Zero considera estar criado “um precedente” positivo. O presidente da ZERO, Francisco Ferreira,  viu a aposta da Uber com “grande satisfação”, afirmando que é importante que “os serviços rodoviários que efetuem muitos quilómetros deixem de recorrer a motores de combustão e passem rapidamente a contribuir de forma muito significativa para a redução da poluição do ar”.

Contudo, citado no comunicado da Uber, disse que falta ainda mais envolvimento “das empresas, o governo, as autarquias e os cidadãos nesta concertação por um ar mais limpo”.

Já William Todts, presidente executivo do consórcio internacional Transport & Environment (T&E), considerou a decisão da Uber “uma boa notícia”. Mas entende ser necessário ir mais além e “que todas as grandes cidades da Europa introduzam zonas de emissão zero, novas ciclovias pop-up e corredores exclusivos para bicicletas, ao mesmo tempo que proporcionam fácil acesso ao carregamento em casa, no trabalho e onde quer que as pessoas estacionem”.

Foi um estudo do consórcio liderado por Todts – do qual faz parte a associação ambiental portuguesa ZERO que esteve na origem da aposta da Uber. O T&E estimou que o custo total de propriedade de um carro elétrico em Lisboa, Madrid ou Paris pode ser já mais baixo que o de um automóvel a diesel ou gasolina. Por isso, o consórcio recomendou a empresas como a Uber que apostem em frotas.

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