A cada ato eleitoral num Estado membro, os concorrentes esgrimem posições antagónicas, onde a saída do euro ou a saída da união assumem uma preocupante centralidade.
Estas tensões contribuem para o enfraquecimento do único projeto político novo e original em mais de um século e assente na paz e na prosperidade. Projeto esse que tem sido bem sucedido, visto para além da espuma dos dias.
A lição da primeira volta das eleições francesas levanta uma ponta do véu da forma como os povos encaram as respostas dos partidos tradicionais. As opções dos eleitores já não assentam no “clube” partidário, mas na credibilidade e na esperança dos candidatos e nas propostas políticas consistentes e sérias que lhes são ofertadas.
Claro que esta opção comporta riscos. Riscos que, caricatamente, põem em causa a democracia, cercada por demagogias, populismos e tacticismos de efeito imediato.
As ideologias, velhas de centenas de anos de discussão inconsequente, foram sendo substituídas por lutas por causas de impacto imediatista. Porque é mais fácil para assimilar, porque é mais simples de alcançar, porque é mais digerível obter resultados.
Contudo, o apelo às “causas” não é suficiente para moldar um país em competição com os outros. E a apresentação de programas consistentes, uma determinação para a continua adaptação às novas exigências dos cidadãos, em conjugação com uma acrescida esperança de prosperidade coletiva.
Estes objetivos são difíceis de realizar numa Europa dos países, presa nas suas contradições internas e em que o apelo ao futuro é um regresso a um triste e isolado passado.
Daí que as respostas nacionalistas e populistas que se afirmam contra a solidariedade e o além fronteiras, devam ser expostas e denunciadas. Não será pela sua ação que os povos serão mais desenvolvidos e realizados, nem se acentuará a defesa da paz e da liberdade, enquanto valores essenciais da sociedade.
O desafio próximo será, ainda e sempre, o de conjugar democracia e liberdade, na construção de uma europa mais una. Como se pudéssemos fazer um 25 de abril em todo o projeto europeu: sem derramar sangue, sem criar uma fratura social ou económica inultrapassável, reformando sem revolucionar e mudando o que está mal, acima e para além dos interesses do poder dominante atual.
Este desafio lançado em simultâneo aos partidos tradicionais, nacionais e europeus, ganharia adesões e traria para a “rua” a vontade de construir em conjunto. Tal como em 1974, teríamos razões para sorrir. Apenas porque quisemos acreditar.