Vivemos permanentemente numa encruzilhada pela simples razão de nos ser impossível controlar o nosso destino. Isto é verdade para as coisas da vida e é-o sobretudo nas questões de saúde. Como dizia um conhecido médico, estarmos bem de saúde é um estado que não augura nada de bom, porque pode mudar a qualquer momento. Para pior…

Um “pior” para o qual dificilmente nos conseguimos preparar, pese embora os vários mecanismos que temos à nossa disposição. Acima de tudo, o importante é estarmos psicologicamente bem e termos a noção exata de que perante a adversidade, independentemente da sua dimensão, sabemos a quem recorrer.

Claro que a melhor maneira de o fazermos é adotando um estilo de vida saudável. Mas, para além disso, é importante podermos ter à nossa disposição os mecanismos que, a cada momento, respondam com eficácia às eventuais necessidades com que nos vamos deparando e que nos possam dar o conforto que é preciso nessas alturas, sobretudo que nos permitam reduzir os níveis de ansiedade.

Neste pressuposto, e tendo em consideração os desafios públicos, privados e individuais que se levantam à gestão da saúde em Portugal, agora que temos uma nova lei de bases, é importante pôr em perspetiva tudo o que existe, saber tirar o melhor partido possível de todos os instrumentos que estão à nossa disposição, na tal lógica de complementaridade que se exige ao SNS.

Refiro-me, em particular, à oferta que é conseguida através dos planos de saúde, uma solução que contribui de forma importante para assegurar a chamada first mile no acesso das pessoas aos cuidados e transmitir o conforto que o utente e o sistema, como um todo, precisam para funcionar sem sobressaltos.

Ou seja, os planos de saúde podem funcionar como complemento para os três pilares utente-público-privado a que o SNS tem de dar resposta. Desde logo, porque podem ser um incentivo à prática de uma vida saudável, mas, sobretudo, porque podem assegurar a acessibilidade das pessoas aos primeiros cuidados, a custos controlados e muito inferiores aos custos dos seguros de saúde.

Por outro lado, estes planos podem ser um instrumento relevante para desbloquear situações de pessoas, cujo estado de saúde, não sendo grave, nem urgente, foram parar a uma qualquer lista de espera.

No fundo, se compararmos o SNS a uma rede de estradas, com várias tipologias complementares entre si, que permitem uma escolha diversificada e adequada ao percurso que cada um precisa de fazer, os planos de saúde são a primeira parte do caminho que as pessoas fazem quando precisam de sair de casa. A tal first mile que, não sendo uma via principal, é uma via fundamental para o nosso dia a dia e sem a qual não poderíamos alcançar convenientemente a chegada ao nosso destino.

Da mesma forma, os planos de saúde, pela sua essência, são mais uma alternativa muito relevante na já diversificada oferta existente no sector da saúde, seja pelo critério favorável da relação custo-benefício para o conjunto da cadeia de valor, seja pela flexibilidade que conferem aos utentes sempre que precisam de os utilizar.