O tiro de partida foi dado em setembro de 1825. Uns meros 40 quilómetros deram à Grã-Bretanha o título de país pioneiro na ferrovia. E foi o comboio, ou melhor, o transporte de passageiros sobre carris, que ditou o declínio de outra iniciativa com a chancela britânica, o “Grand Tour” – fenómeno social e cultural movido pela inquietação das classes aristocráticas em aperfeiçoar o seu conhecimento e domínio da cultura e essência do Ocidente.
Em pleno século XXI, uma viagem de comboio já não terá essa subjacente tal ambição. A expectativa aponta antes ao lúdico e ao slow luxury. Não surpreende por isso que os operadores europeus apostem no segmento de luxo e reavivem o charme das viagens de comboio. É o caso do Britannic Explorer, da Belmond Train, pioneira neste segmento, que lançou em julho este novo comboio de luxo noturno, na senda de outros que já opera, como o lendário Venice Simplon-Orient Express.
“O Britannic Explorer celebra a arte da viagem lenta, preservando a história ferroviária pioneira da Grã-Bretanha, enquanto inaugura mais uma era de cultura e criatividade”, descreve a empresa no site oficial da Belmond. O novo comboio propõe quatro itinerários, todos com partida de Londres: Cornualha, Lake District, Northumberland e País de Gales. As viagens duram entre três e seis noites, sendo que nesta modalidade poderá combinar a Cornualha e o País de Gales ou Lake District e País de Gales.
Viagens cénicas pela costa
e interior da Grã-Bretanha
A rota de seis noites, da Cornualha ao País de Gales, descrita como uma “celebração do sudoeste”, é uma das mais completas. No primeiro dia, irá percorrer as famosas cidades mercantis de Somerset até à West Somerset Railway, uma linha histórica com paisagens costeiras e interiores deslumbrantes. A viagem segue ao longo da costa sul, de Devon até Plymouth, com paragem em St. Ives para explorar a cena artística da região, os Jardins de Esculturas de Tremenheere ou fazer uma prova de vinhos com vista para o Monte St. Michael.
No segundo dia, os passageiros poderão descobrir a pitoresca cidade de Fowey, fazer uma caminhada de seis quilómetros pela Hall Walk ou dar um passeio de barco. Próxima paragem: Bruton, onde está prevista uma visita privada à galeria Hauser & Wirth – fundada originalmente em Zurique, Suíça, e que depois se expandiu para Londres e Bruton – que termina com champanhe servido nos jardins intimistas da galeria.
A sensação que fica é que se viaja sem pressa. O conceito slow travel já anda na estrada há algum tempo, mas tem vindo a conquistar novos adeptos como antídoto (ou será melhor dizer detox?) para o frenesi do quotidiano. E é assim, tranquilamente, que ao quarto dia de viagem o País de Gales revela as suas exuberantes paisagens.
Llandrindod Wells, a mais antiga estância termal do país, onde predomina a arquitetura vitoriana e o verde dos bosques, é a primeira paragem. Segue-se uma visita ao Parque Nacional de Snowdonia, no condado de Gwynedd, onde fica o pico mais alto do País de Gales, o Monte Snowdow. Antes de o dia terminar, é tempo de conhecer Machynlleth, um centro cultural e gastronómico, com visita ao Museu de Arte Moderna. No regresso a Londres, o Britannic Explorer passará pelos condados de Oxfordshire – onde se situa uma das universidades mais antigas do mundo, Oxford – e pelas paisagens bucólicas de Chilterns.
O comboio dispõe de 18 quartos, incluindo três grand suites, um bar e dois restaurantes com curadoria do chef Simon Rogan, cujo trabalho no seu restaurante L’ Enclume, no Lake District (outro dos itinerários possíveis a bordo do Britannic Explorer), foi distinguido com 3 estrelas Michelin. Existe ainda uma carruagem de bem-estar, um “casulo de serenidade” com tratamentos de spa. Opack da viagem inclui serviço de concierge 24 horas e todas as refeições, nomeadamente o jantar de gala no restaurante Da Costa (Bruton). Os preços para uma estadia de três noites no Britannic Explorer começam nos 13 mil euros e incluem todas as excursões, refeições, vinho e outras bebidas alcoólicas a bordo. As reservas podem ser feitas online.
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