A posição geoestratégica de Angola é determinante no contexto africano e da SADC e ainda como plataforma entre a América, a Europa e a Ásia.
Depois da forte influência americana em Angola durante décadas, sobretudo no sector do petróleo, a China percebeu, após o ano 2000, como poderia ocupar o espaço outrora reclamado pelos Estados Unidos.
Nas últimas duas décadas, Pequim tomou um papel importante enquanto financiador do Estado e parceiro para o desenvolvimento das
obras públicas. Grandes rodovias terrestres, caminhos de ferro, aeroportos, hospitais e outras infraestruturas contaram com essa aliança.
Contudo, a economia chinesa arrefeceu durante e após a pandemia e as orientações expansionistas alteraram-se.
Agora, os Estados Unidos voltam a olhar para as terras da Rainha Ginga com nova atenção.
Joe Biden foi o primeiro Presidente norte americano a visitar Angola, após a independência. Na quarta-feira, 4 de dezembro, terminou a sua visita de três dias na província de Benguela.
Biden fechou com chave de ouro a visita oficial ao anunciar um aumento do investimento dos Estados Unidos para o Corredor do Lobito, em mais 600 milhões de dólares. A notícia foi dada durante a cimeira multilateral sobre o Corredor do Lobito, em que participaram vários países: Angola, RDC, Zâmbia, Tanzânia e os Estados Unidos da América.
O Presidente norte-americano não perdeu a oportunidade de visitar a grande promessa que é o Porto do Lobito e as infraestruturas do Corredor do Lobito. Por seu turno, João Lourenço, Presidente de Angola, destacou a importância do Corredor para as empresas, incluindo as
pequenas e médias que poderão integrar as cadeias de valor na agricultura, indústria e mineração. Uma forma de estimular, de forma inclusiva, o comércio e o crescimento económico da região da SADC e da região da África do Leste.
Perante esta forte aposta, as empresas portuguesas não devem perder o comboio. A economia angolana já viveu dias melhores, com crescimentos em alta (o crescimento PIB passou de 3.4%, em 2003, para mais de 20%, em 2007, e nos primeiros seis meses de 2024 cresceu 4,3%), mas as oportunidades continuam lá. Se as empresas nacionais não se posicionarem, outras virão ocupar esse espaço que, historicamente, tem sido dos portugueses. As relações de confiança e entendimento entre portugueses e angolanos são uma porta entreaberta de oportunidades no Atlântico sul. Não nos podemos dar ao luxo de a deixar fechar.