Tinha planeado usar esta coluna mensal para vos falar da fascinante história da instalação de um cabo telegráfico submarino entre Carcavelos e a Cornualha, Inglaterra, há 150 anos. No entanto, não me parece apropriado fazê-lo dada a situação que estamos a enfrentar em todo o mundo. Em vez disso, permitam-me que partilhe convosco algumas reflexões pessoais sobre esta crise sem precedentes.

Em primeiro lugar, estamos a testemunhar uma tragédia humana de enormes proporções. Famílias em todo o mundo lamentam já a perda de entes queridos. E sabemos que esta pandemia trará muito mais sofrimento ao longo das próximas semanas. Envio as minhas mais sentidas condolências a todos aqueles que, em Portugal, já perderam algum ente querido.

Desde que cheguei a Lisboa em 2018, tenho aprendido a amar este país do fundo do coração.  A bondade, a generosidade, o  calor e a alegria dos portugueses, são diferentes de tudo o que já vivi em qualquer outro sítio.  E é hoje claro para mim que estas qualidades, de que tanto gosto e admiro, são as mesmas qualidades que permitirão a Portugal vencer a batalha contra este vírus.

Ao longo dos últimos dias, tenho testemunhado em muitas circunstâncias, ocasiões em que as pessoas se juntam (mantendo, é claro, a distância social adequada) para ajudar os idosos, os vulneráveis e os que mais necessitam.  Tem sido para mim uma lição de humildade testemunhar a dedicação, a coragem e a resiliência dos profissionais que trabalham no SNS, nos serviços de emergência e em muitas outras operações na linha de frente.

Estamos apenas a começar a compreender verdadeiramente a escala do desafio que a Covid-19 representa para as nossas sociedades, para as nossas economias e para o nosso modo de vida.  Nenhum de nós alguma vez viveu algo assim e o mundo não voltará a ser o mesmo. Os nossos líderes políticos estão a ser confrontados com algumas das escolhas mais difíceis com que os governos alguma vez enfrentaram. Tenho o maior respeito pelo Governo português nesta altura em que se depara com estas escolhas aqui em Portugal.

O percurso que temos pela frente é preocupante e o mundo vai parecer um lugar sombrio durante bastante tempo. Mas sei que Portugal não só sobreviverá a isto, como também emergirá mais forte.  É um país pequeno mas com um coração muito grande.  Quero que saibam que poderão sempre contar com a amizade e solidariedade do seu amigo e aliado mais antigo, o Reino Unido.

Cuidem de vós, cuidem uns dos outros e mantenham-se em segurança. A história do cabo submarino, essa, fica para outro dia.