São vários os estudos que indicam que um dos principais fatores que justifica a produtividade e a competitividade de um país é o nível de habilitações e de qualificações da sua população. De uma forma genérica, países com maiores níveis educacionais tendem a ter melhor desempenho em termos de desenvolvimento económico e social. Um país com uma população com maior nível de instrução tenderá a ter trabalhadores mais qualificados, empresas mais competitivas, sociedades mais resilientes, inclusivas e maiores índices de participação democrática.
O que se torna menos claro é perceber qual a melhor forma de aumentar os níveis globais de instrução de um país. Não há uma receita única nem um modelo ótimo a seguir, embora pareça certo que as características culturais e institucionais de cada país são determinantes. Assim indica a evidência empírica e os estudos que se debruçam sobre estes temas, que mostram que pode haver sucesso e insucesso com diferentes metodologias de aprendizagem, diferentes formas de organização do sistema de educação e de formação (bem como do sistema de inovação) ou com modelos e níveis distintos de investimento na educação e formação ao longo da vida.
Por exemplo, países como a Finlândia, Coreia do Sul, Japão, Alemanha ou EUA possuem modelos distintos de educação dos seus jovens ou da formação dos seus trabalhadores, embora sejam países relativamente bem classificados nos principais rankings internacionais de competitividade.
Contudo, num mundo cada vez mais complexo e interdependente, torna-se claro (ainda mais do que há umas décadas) que as competências adquiridas – quer em contexto escolar quer laboral – sofrem uma desatualização muito rápida, em especial ao nível tecnológico. Neste sentido, parece evidente que não se podem desenhar nem implementar estratégias de qualificação de forma isolada; a articulação entre diferentes entidades mostra-se essencial para dar resposta aos desafios de cada sociedade em termos de competências.
Esta questão é especialmente crítica para Portugal. Apesar do enorme esforço e sucesso do sistema educativo nas últimas décadas (basta lembrar que a taxa de abandono escolar passou de 28,3% em 2010 para 8,9% em 2020, ou que a população com Ensino Superior passou de 11,8% em 2010 para 21,2% em 2020), na generalidade dos indicadores de educação Portugal continua atrás da média da União Europeia – em especial no que respeita às competências digitais.
A colaboração e a articulação estratégica entre escolas (desde o pré-escolar ao Ensino Superior), entidades de formação, empresas e outros empregadores, centros de interface tecnológico, laboratórios colaborativos e outras entidades da sociedade é fundamental para que Portugal possa “dar o salto” no que respeita às qualificações e ao aumento de competências.
Nos próximos anos Portugal vai beneficiar de um enquadramento favorável para que estas colaborações se possam desenvolver, não só em termos programáticos (ex. programa INCoDe 2030; Plano de Ação para a Transição Digital), mas também ao nível do financiamento, nomeadamente através do Portugal 2030 e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Neste âmbito, de destacar os programas “Impulso Jovens STEAM” e “Impulso Adultos”, que durante os próximos anos apoiarão a criação de consórcios e alianças entre Instituições do Ensino Superior, empresas e outras entidades, com a missão conjunta de aumentar as competências para o futuro, em especial nas áreas tecnológicas e digitais.